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Manifestantes bloquearam o principal prédio do governo para derrubar Yanucovich com uma greve geral em dezembro de 2013 |
A partir do dia 1º de março de 2014, o
cenário político mundial entrou em um novo momento. Neste dia, a Rússia enviou
tropas à Criméia, região da Ucrânia. Este país do leste europeu viveu uma
revolução histórica que derrubou um governo. A burguesia mundial tenta sufocar
o processo revolucionário através de uma intervenção armada. Hoje, dia 19 de
abril, o presidente da Polônia declarou que os EUA enviarão forças ao seu país
para reforçar a presença militar perto da Ucrânia. Os EUA ao oeste e a Rússia
não são inimigos. Ambos têm um objetivo comum: sufocar um processo
revolucionário vivo.
Por que a revolução
“esfriou”?
O esfriamento da revolução é
evidente. A praça Maidán, o centro da revolução, voltou ao normal. Não que o
país tenha voltado à normalidade de antes da revolução. Porém, as massas
pararam pra respirar depois de vários dias de confronto e dezenas de mortos.
Enfim, o processo revolucionário reduziu a marcha.
Podemos dizer que a classe operária
não foi a vanguarda da revolução e isto foi uma clara limitação de tudo. O
leste do país têm mais indústria e mais operários. Porém, o oeste agrário foi
onde se deu o centro da revolução. Lá, a pequena burguesia foi o setor social
que entrou em cena junto às massas populares urbanas. Os partidos da pequena
burguesia assumiram o governo com uma velha burguesia de oposição ao presidente
derrubado. A ausência ou falta de protagonismo dos operários ucranianos foi
ruim para o processo e permitiu uma tímida recuperação do regime burguês.
Para além disso, ou melhor, junto e
intimamente ligada ao “apagão dos operários”, há um fator poderoso que fez a
revolução “esfriar”: a falta de um partido revolucionário e socialista, ou o
que chamamos de crise de direção
revolucionária.
A crise de direção é
forte no leste - Se por um lado, o caráter popular e
sem uma participação consciente da vanguarda do proletariado limitou o
processo, por outro, tudo isto foi uma consequência da crise de direção
revolucionária. O Partido Comunista da Ucrânia –PCU- há muito tempo tem
relações íntimas com a burguesia russa-ucraniana e seu Partido das Regiões (PR).
O leste tem mais indústria e ficou pra trás durante o processo inicial. Agora,
o leste da Ucrânia entra em cena com o mesmo caráter popular, sem greves
radicais, mas com um levante menos combativo e mais indeciso. O que une aos
lutadores é a rejeição ao “novo” governo (liderado pelo partido de uma antiga
política- Tymoshenko). Ao que parece, deixam-se levar muito mais pela burguesia,
do que seus irmãos ocidentais. A péssima educação do PCU sobre os operários é
um fato decisivo.
Não podemos afirmar se economicamente a parte
oriental sofreu mais com a crise, ou se foi o PC que soube aliviar mais o desgaste
do governo no leste. Podem ser que tenham sido as duas coisas. Com certeza se
houve um partido revolucionário com uma boa influência sobre os operários e as
massas empobrecidas, o processo não esfriaria.
A queda do muro de
Berlim e o socialismo - O classismo realmente sofreu duros
golpes após a queda do muro de Berlim, conforme vemos na Ucrânia. As massas
trabalhadoras não se enxergam como classe e ainda acreditam na burguesia. Por
isto, elas entram nos processos revolucionários como coadjuvantes de outros
setores sociais. Este é o caráter da maioria das revoltas e revoluções do
mundo: revoluções populares das massas urbanas sem o horizonte socialista. Ao
mesmo tempo, o estalinismo fracassou.
Foi atropelado historicamente, e as
massas vieram “rezar” no seu túmulo. O PC da Ucrânia não conseguiu conter a
indignação dos trabalhadores e assim abriu espaço para crescimento da
ultra-direita. A solução é fazer uma revolução que não “esfrie”, mas que no
calor do processo de lutas, entre no caminho do socialismo e não deixe a
burguesia governar. Essa é a saída para que Ucrânia, Rússia e o mundo evitem o
fim da humanidade ou a miséria social constante.
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