12 de junho de 2014

Trabalhadores de Belém entram em campo contra as injustiças da Copa

Foto: Kleyton Silva
"O show vai começar". Era o que estampava a capa de um dos jornais de grande circulação no Pará. O jornal fazia referência à abertura da Copa do Mundo no Brasil. Não fosse a foto do Neymar, a frase também poderia servir de legenda aos trabalhadores e à juventude de várias cidades do país que protagonizaram atos neste dia. Em Belém, o Dia Nacional de Luta contra as injustiças da Copa reuniu cerca de 200 pessoas, que marcharam do Centro Arquitetônico de Nazaré (CAN) até à Prefeitura. Entre as cobranças, os trabalhadores reivindicavam saúde, educação, moradia e transporte no padrão FIFA e ainda pediam a revogação do aumento da tarifa de ônibus.  
Logo no início da manhã, vários canteiros de obra paralisaram as atividades por cerca de duas horas, como parte do dia de luta. Mesmo gostando de futebol, os trabalhadores não concordam com as injustiças que vêm sendo feitas pelo governo federal e pela FIFA. "São remoções forçadas de comunidades, bilhões de reais gastos com estádios, onde morreram dez operários. Enquanto isso, a vida dos trabalhadores segue difícil, com a saúde, educação e transportes públicos sucateados", disse o operário e vereador de Belém pelo PSTU, Cleber Rabelo. A paralisação por dentro dos canteiros também serviu para articular a campanha salarial da categoria, que trava uma batalha incansável com a patronal exigindo cesta básica aos trabalhadores, além de melhores salários e condições de trabalho. 
Em todo o estado, revindicações deste tipo acontecem e as mobilizações se espalham por diversas categorias . Os professores de Belém e de Barcarena seguem em greve, assim como os servidores da Funpapa, do IPHAN e os técnicos administrativos das universidades federais. Para Abel Ribeiro, coordenador estadual da CSP-Conlutas, o ato serviu para unificar as lutas que acontecem e mostrar o descaso com que os trabalhadores estão sendo tratados. "A política econômica dos governos Dilma (PT), Jatene e Zenaldo (ambos do PSDB) não atende às necessidades dos trabalhadores. É preciso unificar as greves e as mobilizações e preparar uma greve geral para conquistar mais verbas para os serviços públicos, além do aumento geral dos salários", afirmou.
Vereador Cleber Rabelo participa do ato
Se por um lado cresce a disposição de luta dos trabalhadores, também aumenta a criminalização dos movimentos sociais por parte dos governos e da justiça. "Enquanto trabalhadores estão fazendo muita luta no país, greves são decretadas abusivas nos finais de semana (como a dos metroviários de São Paúlo) ou antes mesmos de começarem (como a dos professores de Belém). Trabalhadores são praticamente impedidos de fazerem greves, demitidos e, muitas vezes, presos", disse Cleber. 
Mas nem toda a criminalização e repressão será capaz de convencer os trabalhadores a não lutar. As greves que acontecem por todo o país contestam as injustiças e a precariedade dos serviços públicos e mostram o caminho. A disputa dos trabalhadores contra governos e patrões está acirrada e o jogo está apenas começando. 

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