24 de dezembro de 2013

O Mundo em crise

Por João Paulo Magno (PSTU-Belém)

"Trabalhadores de todos os países, uni-vos”. Esta frase é talvez a mais famosa frase de Karl Marx, grande filósofo e lutador, um homem que revolucionou o mundo com as suas ideias. Karl Marx militou ativamente durante anos, através de suas ideias e ações. O mundo passou a ser outro, desde então, pois os trabalhadores de todos os continentes passaram a ver o socialismo como algo mais claro e material. Hoje, 165 anos após sua primeira grande obra, o Manifesto Comunista, a revolução socialista mundial ainda amedronta as elites mundiais e seus governos. A mídia tenta esconder as mobilizações que percorrem o mundo, mas mesmo assim, a realidade internacional continua a impulsionar muitos trabalhadores e jovens na direção das ideias de Marx.

O mundo se polariza

Todos os continentes do globo vivem enormes lutas e mobilizações neste momento. Na Argentina deste mês, uma grande greve de policiais foi o fato político que questionou o governo Kirchner e sua ofensiva sobre os trabalhadores. No Brasil, vivemos uma situação de maior calmaria, mas após as megamanifestações de junho, os governos estão com a popularidade menor (a maioria entre 20 e 35%) e sabem que os trabalhadores estão dispostos em ir à luta. Na Colômbia, manifestações de massas ocorreram em defesa do prefeito de Bogotá, destituído pela direita reacionária por propor a reestatização da coleta de lixo na capital.
Na Europa, a situação revolucionária ganha corpo com o crescimento das mobilizações na Espanha e Itália, contra as medidas de austeridade de seus governos. Recentemente, na Romenia, o povo explodiu contra um megaprojeto de exploração mineral de uma empresa canadense, levando milhares às ruas para lutar pela soberania do país. A Turquia permanece agitada e nesta semana, curdos fizeram manifestações de dezenas de milhares contra a violência policial após dois manifestantes serem assassinados. A Ucrânia é o último país em chama, em uma cadeia de países europeus mergulhados em crises políticas, oriundas da mesma causa: a crise econômica e o ataque aos trabalhadores.
Na Ásia, as manifestações chegam a milhões na Tailândia, onde o parlamento chegou a ser dissolvido. Na Coréia do Sul, a privatizações das ferrovias do país provocaram uma greve geral dos ferroviários que mobilizou centenas de milhares pela queda do governo e contra a privatização das ferrovias. Em Bangladesh, em novembro, dezenas de milhares saíram às ruas, fecharam e queimaram fábricas, na luta por um aumento geral dos salários na indústria têxtil, em um país onde empresas americanas super-exploram grandes massas de operários. Na África, Egito e Síria continuam fortemente abalados por processos revolucionários que avançam para derrubar ditaduras. As lutas se estendem a vários outros países. O mundo está em chamas, com multidões nas ruas e praças questionando a estrutura social que coloca milhões na pobreza, desemprego e miséria.

O que está por trás das lutas

            As mobilizações que sempre existiram no capitalismo, se justificam pela sua estrutura social.
 A Organização Internacional do Trabalho calcula 200 milhões de desempregados em todo o mundo. Em certos países, como na Espanha e Grécia, 27% da população está desempregada (OIT). No ano passado, a taxa de desemprego juvenil no Oriente Médio chegou a 28,3 %.
Os dados sobre a fome não assustam menos. Um em cada oito habitantes do globo, dorme todos os dias, passando fome. No Brasil, através de pesquisa da ONU, se calcula que o número de pessoas abaixo da linha da pobreza é algo em torno de 8,4 milhões. O critério utilizado é absurdo: ganhar até R$ 70 por mês. Só que a inflação acumulada já deve ter elevado o número de miseráveis (pelo critério do governo) para mais de 27 milhões (Folha de São Paulo,11.05.2013).

O capitalismo vive das desigualdades

Ou seja, o próprio capitalismo não pode sobreviver sem desemprego e fome. O desemprego é importantíssimo para manter os salários rebaixados, forçando os trabalhadores a trabalharem cada vez mais por cada vez menos. Na Grécia, como exemplo, há cada vez mais trabalhadores no setor privado ganhando menos de 500 euros por mês – muitos com ensino superior-, sendo que 50% dos jovens gregos estão desempregados. Essa é uma política dos empresários a nível mundial: despedir muitos e contratar poucos com salários cada vez menores. Qual seria a razão? Simples: aumentar os lucros.
Ou seja, para os grandes bancos e acionistas, a miséria e o desemprego são o meio de se enriquecerem cada vez mais. Concentrando a riqueza mundial nas mãos de alguns indivíduos, o capitalismo aumenta também as desigualdades entre países imperialistas, colônias e semicolônias. Por isso, a destruição e remoção do povo palestino pelo estado de Israel, assim como a ocupação militar no Haiti, são políticas fundamentais do imperialismo americano. É óbvio que a ideologia dominante mente, dizendo que há uma ocupação humanitária no Haiti, idealizando uma guerra religiosa no Oriente Médio etc. Porém, a guerra civil na Síria, assim como a luta do povo palestino, são autênticas lutas políticas dos trabalhadores, que desesperadamente tentam se livrar dos estados opressores e genocidas de Síria e Israel. Dia 15 de dezembro, em somente um ataque aéreo em Aleppo, pelo regime Sírio, morreram 23 crianças num total de 83 pessoas mortas.
            A lógica destrutiva do sistema também se materializa no governo Brasileiro. Enquanto gastou 43 milhões em armas letais para eventos da Copa das Confederações, o povo brasileiro morre nas filas dos hospitais. Enquanto o governo brasileiro gasta milhões com o exército no Haiti, os trabalhadores haitianos e brasileiros continuam sem educação, saneamento e moradia. Essa é a lógica do capital: destruir e excluir para aumentar os lucros.


Construir a luta socialista no Brasil e no mundo: construir a LIT

                O capitalismo cava sua própria cova. Esta ideia marxista está associada à outra não menos importante: o enterro precisa de coveiros. Se nós não nos propusermos a destruir essa sociedade e construir uma sociedade socialista a nível internacional, nós correremos o risco de sermos enterrados pela burguesia em uma grande catástrofe mundial. O grau de armamento das potencias mundiais é tão alto que daria pra destruir a terra várias vezes.
Ou seja, nós devemos pegar a pá, carregar o caixão e enterrar de vez o capitalismo, construindo em cima, uma sociedade baseada na solidariedade entre as nações socialistas. Porém, para isso, é necessário ter a pá, ou seja, as ferramentas necessárias para o trabalho.
No Brasil e no mundo, se não construirmos sólidos partidos revolucionários –as ferramentas de luta- que conduzam as massas indignadas para uma revolução radical, a burguesia tomará controle novamente e conduzirá os processos revolucionários para becos sem saída. A Ucrânia é um exemplo. Enquanto milhões de trabalhadores sofrem com a austeridade dentro da União Europeia -imposta pelos governos da Alemanha, França e Inglaterra- os trabalhadores Ucranianos, tentando se libertar da exploração Russa, estão sendo conduzidos pela burguesia para dentro de seu covil, a União Européia.
A importância do partido revolucionário mundial é esta: tirar as massas proletárias da influencia da burguesia e conduzi-las para a sua total libertação. Somente os trabalhadores, junto e através deste partido mundial da revolução, serão os fabricantes de uma nova sociedade. O PSTU e a Liga Internacional dos Trabalhadores são as ferramentas embrionárias deste longo processo de construção. Hoje, muito mais do que em 1848, as palavras de Karl Marx são reais e necessárias: “Trabalhadores de todos os países: uni-vos.”.
               




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