Por João Paulo Magno (PSTU-Belém)
"Trabalhadores
de todos os países, uni-vos”. Esta frase é talvez a mais famosa frase de Karl
Marx, grande filósofo e lutador, um homem que revolucionou o mundo com as suas
ideias. Karl Marx militou ativamente durante anos, através de suas ideias e
ações. O mundo passou a ser outro, desde então, pois os trabalhadores de todos
os continentes passaram a ver o socialismo como algo mais claro e material.
Hoje, 165 anos após sua primeira grande obra, o Manifesto Comunista, a revolução
socialista mundial ainda amedronta as elites mundiais e seus governos. A mídia
tenta esconder as mobilizações que percorrem o mundo, mas mesmo assim, a
realidade internacional continua a impulsionar muitos trabalhadores e jovens na
direção das ideias de Marx.
O mundo se polariza
Todos
os continentes do globo vivem enormes lutas e mobilizações neste momento. Na
Argentina deste mês, uma grande greve de policiais foi o fato político que
questionou o governo Kirchner e sua ofensiva sobre os trabalhadores. No Brasil,
vivemos uma situação de maior calmaria, mas após as megamanifestações de junho,
os governos estão com a popularidade menor (a maioria entre 20 e 35%) e sabem
que os trabalhadores estão dispostos em ir à luta. Na Colômbia, manifestações de
massas ocorreram em defesa do prefeito de Bogotá, destituído pela direita
reacionária por propor a reestatização da coleta de lixo na capital.
Na
Europa, a situação revolucionária ganha corpo com o crescimento das
mobilizações na Espanha e Itália, contra as medidas de austeridade de seus
governos. Recentemente, na Romenia, o povo explodiu contra um megaprojeto de
exploração mineral de uma empresa canadense, levando milhares às ruas para
lutar pela soberania do país. A Turquia permanece agitada e nesta semana,
curdos fizeram manifestações de dezenas de milhares contra a violência policial
após dois manifestantes serem assassinados. A Ucrânia é o último país em chama,
em uma cadeia de países europeus mergulhados em crises políticas, oriundas da
mesma causa: a crise econômica e o ataque aos trabalhadores.
Na
Ásia, as manifestações chegam a milhões na Tailândia, onde o parlamento chegou
a ser dissolvido. Na Coréia do Sul, a privatizações das ferrovias do país
provocaram uma greve geral dos ferroviários que mobilizou centenas de milhares
pela queda do governo e contra a privatização das ferrovias. Em Bangladesh, em
novembro, dezenas de milhares saíram às ruas, fecharam e queimaram fábricas, na
luta por um aumento geral dos salários na indústria têxtil, em um país onde
empresas americanas super-exploram grandes massas de operários. Na África,
Egito e Síria continuam fortemente abalados por processos revolucionários que avançam
para derrubar ditaduras. As lutas se estendem a vários outros países. O mundo
está em chamas, com multidões nas ruas e praças questionando a estrutura social
que coloca milhões na pobreza, desemprego e miséria.
O que está por trás das lutas
As mobilizações que sempre existiram
no capitalismo, se justificam pela sua estrutura social.
A Organização Internacional do Trabalho
calcula 200 milhões de desempregados em todo o mundo. Em certos países, como na
Espanha e Grécia, 27% da população está desempregada (OIT). No ano passado, a
taxa de desemprego juvenil no Oriente Médio chegou a 28,3 %.
Os
dados sobre a fome não assustam menos. Um em cada oito habitantes do globo,
dorme todos os dias, passando fome. No Brasil, através de pesquisa da ONU, se
calcula que o número de pessoas abaixo da linha da pobreza é algo em torno de 8,4
milhões. O critério utilizado é absurdo: ganhar até R$ 70 por mês. Só que a
inflação acumulada já deve ter elevado o número de miseráveis (pelo critério do
governo) para mais de 27 milhões (Folha de São Paulo,11.05.2013).
O capitalismo vive das desigualdades
Ou
seja, o próprio capitalismo não pode sobreviver sem desemprego e fome. O
desemprego é importantíssimo para manter os salários rebaixados, forçando os
trabalhadores a trabalharem cada vez mais por cada vez menos. Na Grécia, como
exemplo, há cada vez mais trabalhadores no setor privado
ganhando menos de 500 euros por mês – muitos com ensino superior-, sendo que
50% dos jovens gregos estão desempregados. Essa é uma política dos empresários
a nível mundial: despedir muitos e contratar poucos com salários cada vez
menores. Qual seria a razão? Simples: aumentar os lucros.
Ou
seja, para os grandes bancos e acionistas, a miséria e o desemprego são o meio
de se enriquecerem cada vez mais. Concentrando a riqueza mundial nas mãos de
alguns indivíduos, o capitalismo aumenta também as desigualdades entre países
imperialistas, colônias e semicolônias. Por isso, a destruição e remoção do
povo palestino pelo estado de Israel, assim como a ocupação militar no Haiti,
são políticas fundamentais do imperialismo americano. É óbvio que a ideologia
dominante mente, dizendo que há uma ocupação humanitária no Haiti, idealizando
uma guerra religiosa no Oriente Médio etc. Porém, a guerra civil na Síria,
assim como a luta do povo palestino, são autênticas lutas políticas dos
trabalhadores, que desesperadamente tentam se livrar dos estados opressores e genocidas
de Síria e Israel. Dia 15 de dezembro, em somente um ataque aéreo em Aleppo,
pelo regime Sírio, morreram 23 crianças num total de 83 pessoas mortas.
A lógica destrutiva do sistema
também se materializa no governo Brasileiro. Enquanto gastou 43 milhões em
armas letais para eventos da Copa das Confederações, o povo brasileiro morre
nas filas dos hospitais. Enquanto o governo brasileiro gasta milhões com o
exército no Haiti, os trabalhadores haitianos e brasileiros continuam sem
educação, saneamento e moradia. Essa é a lógica do capital: destruir e excluir
para aumentar os lucros.
Construir a luta socialista no Brasil e no mundo:
construir a LIT
O capitalismo cava sua própria cova.
Esta ideia marxista está associada à outra não menos importante: o enterro
precisa de coveiros. Se nós não nos propusermos a destruir essa sociedade e
construir uma sociedade socialista a nível internacional, nós correremos o
risco de sermos enterrados pela burguesia em uma grande catástrofe mundial. O
grau de armamento das potencias mundiais é tão alto que daria pra destruir a
terra várias vezes.
Ou
seja, nós devemos pegar a pá, carregar o caixão e enterrar de vez o capitalismo,
construindo em cima, uma sociedade baseada na solidariedade entre as nações
socialistas. Porém, para isso, é necessário ter a pá, ou seja, as ferramentas
necessárias para o trabalho.
No
Brasil e no mundo, se não construirmos sólidos partidos revolucionários –as
ferramentas de luta- que conduzam as massas indignadas para uma revolução
radical, a burguesia tomará controle novamente e conduzirá os processos
revolucionários para becos sem saída. A Ucrânia é um exemplo. Enquanto milhões
de trabalhadores sofrem com a austeridade dentro da União Europeia -imposta
pelos governos da Alemanha, França e Inglaterra- os trabalhadores Ucranianos,
tentando se libertar da exploração Russa, estão sendo conduzidos pela burguesia
para dentro de seu covil, a União Européia.
A
importância do partido revolucionário mundial é esta: tirar as massas
proletárias da influencia da burguesia e conduzi-las para a sua total
libertação. Somente os trabalhadores, junto e através deste partido mundial da
revolução, serão os fabricantes de uma nova sociedade. O PSTU e a Liga
Internacional dos Trabalhadores são as ferramentas embrionárias deste longo
processo de construção. Hoje, muito mais do que em 1848, as palavras de Karl
Marx são reais e necessárias: “Trabalhadores de todos os países: uni-vos.”.
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