A audiência que foi convocada
pela vereadora Marinor Brito (PSOL) contou com a participação também dos
vereadores de oposição ao governo municipal Cleber Rabelo (PSTU) e Fernando
Carneiro (PSOL), além de outros vereadores, representantes sindicalistas das
guarda municipal de estado do Pará e com a presença do Ministério Público
Estadual.
Muito emocionada com a
situação de humilhação a qual passou, a guarda municipal Elizabeth Mesquita,
fez um relato do que teria ocorrido, quando o comandante da Guarda, coronel
Machado, teria a assediado moralmente após se recusar a cumprir uma ordem sua.
De acordo com o relato de Elizabeth,
o comandante teria convocado a tropa de choque da guarda (canil) para uma
espécie de instrução e ao chegar no local indicado, teria ordenado que os
guardas limpassem com a mão, uma vala suja, com água de esgoto. Pós-graduada em
microbiologia, Elizabeth teria solicitado uma luva para que pudesse fazer o
procedimento, mesmo sabendo que aquilo que estava fazendo era fora de suas
atribuições de guarda civil municipal. De acordo com Elizabeth, o coronel
Machado teria logo em seguida vindo em sua direção e humilhando-a na frente de
todo o pelotão teria mandado Elizabeth para sua casa. Uma semana após o
ocorrido, Elizabeth foi trocada de pelotão, e teve o adicional de 60% (tropa/canil)
em cima do salário retirado.
Ainda no campo das denúncias,
o guarda Freitas, relatou em audiência que o comandante Carlos Machado, teria
comandado o ataque aos estudantes durante as jornadas de junho de 2013, que
vitimou fatalmente a gari Eunice Vieira, e deixou centenas de estudantes e
trabalhadores feridos. Farias expôs também que as humilhações contra seus
subordinados são constantes e que inclusive o comandante chegou a agredir
fisicamente com um tapa no rosto, um de seus soldados. Outro fato denunciado
pelo depoente foi a desvio de um carregamento de madeira, que teria sido doado
pelo IBAMA, à guarda municipal após uma apreensão e que teria sido negociado
pelo comandante com uma empresa, de forma irregular. Freitas relata também que
o comandante havia autorizado o desmonte de um trapiche de ferro da PMB e que o
mesmo teria vendido de forma irregular para um ferro velho apropriando-se
indevidamente do dinheiro.
“Nossa assessoria jurídica
está a par de todos os fatos denunciados, entramos em contato com a Assessoria
Jurídica do Vereador Cleber Rabelo (PSTU), que já se posicionou, colocando-se à
disposição, denunciando e apurando todos fatos. Estamos prestando toda a
solidariedade necessária a companheira Elizabeth, mulher, mãe de família,
trabalhadora e que sofreu na pele a opressão machista de seu superior
hierárquico” – destacou Isaú.
Para o vereador Cleber Rabelo,
o momento exige mais que uma apuração dos fatos, exige uma mudança de postura
em relação aos mandos e desmandos do comandante da guarda, exige uma revolução
no comportamento dos trabalhadores e trabalhadoras daquela corporação no que
diz respeito ao combate ao machismo como ideologia opressora e no combate ao
militarismo uma vez que comandante da guarda é tenente-coronel da polícia
militar e está tentando implementar, a força, a ideologia de guerra em uma
guarda civil. – “[..] A combinação do machismo como ideologia dominante
implementada pela sociedade burguesa para oprimir trabalhadores e trabalhadoras,
obtendo mais lucro e dominação da sociedade, com resquícios da ditadura militar
ainda existentes em nossa sociedade, é uma combinação explosiva, que leva ao
constrangimento da tropa, revolta e falta de capacidade de gerenciamento da
tropa, não podemos aceitar isso. Em tempos que se discute a desmilitarização da
PM, é inadmissível pensar em “militarizar” a Guarda Municipal. Cria-se um
ambiente hostil, falta condições dignas de trabalho e mais respeito aos
trabalhadores e trabalhadoras [...] nosso mandato está à disposição, no que
depender de assessoria jurídica pode contar conosco, se for pra abrir uma CPI a
gente apoia e participa”. – argumentou Cleber Rabelo.
O Movimento Mulheres em Luta
(MML), também esteve presente na audiência e prestou solidariedade a guarda Elizabeth
Mesquita e aos demais guardas que estavam presentes. De acordo com Gizelle
Freitas, da Executiva Estadual do MML, cerca de 33% da população economicamente
ativa de nosso país sofre vítima de assédio moral por parte de seus superiores
sendo as mulheres as principais vítimas do assédio moral e do assédio sexual
que estão intrinsicamente ligados. – “Nós do Movimento Mulheres em Luta nos
solidarizamos com a luta levantada aqui pela Elizabeth e mais que isso estamos
fazendo uma campanha nacional de luta contra o assédio moral e sexual contra as
mulheres. Estamos nos colocado lado a lado com as mulheres da classe
trabalhadora para garantir em todos os sindicatos que temos intervenção, na
central sindical CSP-Conlutas, a qual somo filiado que sejam garantidos nos
acordos coletivos de trabalho medidas de combate ao assédio, além de multas
contra empresas que não coibirem esse tipo de situação entre seus funcionários”
– declarou Gizelle.
Para o MPE, as denúncias
apresentadas na audiência são de extrema relevância e precisam ser todas
documentadas para que Ministério Público possa tomar as medidas cabíveis.
Segundo a promotora Drª Maria da Penha Araújo as denúncias são gravíssimas e
precisam ser apuradas imediatamente, de acordo com a promotora devido à
variedade dos casos apresentados, possivelmente envolverá uma força tarefa de
vários promotores devido a tipificação dos crimes relatados. Ela solicitou que
todas as denúncias fossem feitas por escrito e encaminhadas ao promotor geral
de justiça Dr. Manoel Santino Nascimento Junior. O áudio e a relatoria da
audiência serão encaminhados assim que todas as denúncias forem sistematizadas.
Para os vereadores e servidores presentes, todos foram taxativos em encaminhar
ao prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB) o pedido de afastamento do cargo do comando
da GMB, enquanto todas as denúncias são investigadas e se condenado, a
exoneração do Coronel Machado do cargo de Inspetor-Geral da GMB.
Nenhum comentário:
Postar um comentário