Nota do PSTU sobre o pedido de concordata da Celpa

A privatização fracassou! Reestatização da Celpa já sob controle dos trabalhadores!

            Privatizada em julho de 1998 pelo PSDB a preço de banana por cerca de R$ 450 milhões de reais, a CELPA, controlada pelo grupo Rede Energia, pediu concordata na última semana, deixando um clima de apreensão geral na sociedade e entre seus funcionários em virtude das incertezas que a atual crise gera. Mesmo obtendo enormes lucros[1] nos últimos anos ano à custa de tarifas altíssimas e da enorme exploração de seus trabalhadores, a empresa conseguiu acumular uma dívida de curto prazo no valor de R$ 1,4 bilhões.

            Os dados mais recentes indicam que, após 10 anos de privatização, as tarifas de energia elétrica já haviam acumulado reajustes na ordem de 187% enquanto que a inflação acumulada entre 1998 e 2008 foi de 94%. Além disso, a privatização da empresa trouxe demissões, perda de direitos e aumento do assédio moral.

            A atual crise da Celpa revela que as privatizações não representam nem “modernização” da gestão nem melhoria nos serviços. Muito pelo contrário, a falta de controle social de uma empresa privatizada leva a aumento de tarifas e ataques aos direitos sindicais e trabalhistas, pois o principal objetivo de uma empresa privada é o lucro e não a prestação de um serviço de qualidade ou o respeito aos direitos dos trabalhadores.

            A crise financeira da Celpa, junto com a privatização dos aeroportos, dos Hospitais Universitários e da previdência pública dos servidores federais (PL 1992/2007), recoloca o debate sobre as privatizações na ordem do dia. O serviço de energia elétrica é um serviço essencial e não pode ficar nas mãos da iniciativa privada. É um absurdo que a ALCOA pague 4 centavos pro Kw/h e a Vale 3 centavos  enquanto nós trabalhadores com salários achatados paguemos 50 centavos pela mesma quantidade de energia. A saída apresentada pelo presidente do Conselho de Administração da Celpa de aumento da tarifa em 20% é uma afronta à classe trabalhadora. Não podemos permitir que o povo pague a conta da irresponsabilidade administrativa e financeira de um punhado de acionistas.

Precisamos construir um plano de lutas com toda a classe trabalhadora paraense para reivindicarmos a reestatização da Celpa, sem indenização para o Grupo Rede Energia, e que a empresa seja gerida pelos trabalhadores que são os mais capacitados para esta atividade. Não podemos permitir que o governo injete dinheiro público para salvar a Celpa e que esta continue sendo privada.

É urgente fomentar este debate na sociedade e canalizar nossa indignação com este fato para retomar a luta por nossa soberania e contra a dilapidação do patrimônio público.

Não aumento da tarifa de energia!

Pela reestatização da Celpa já sob controle dos trabalhadores sem nenhuma indenização ao Grupo Rede Energia!

Direção Estadual do PSTU.

---

[1] Em 2007, o lucro registrado da Celpa foi de R$114 milhões; em 2008, de R$ de 38,7 milhões e em 2009 as nove distribuidoras combinadas do grupo Rede auferiram R$ 466,6 milhões de reais e um faturamento bruto de R% 7,6 bilhões. Em 2010, a Celpa fechou com prejuízo de R$ 100,7 milhões.