19 de dezembro de 2012

PSTU SANTARÉM APOIA Á LUTA EM DEFESA DO LAGO DO JUÁ.


No último dia 13, ativistas realizaram um ato público no entroncamento das Rodovias Everaldo Martins e Fernando Guilhon. O protesto foi organizado pelo  Movimento em Defesa do Lago do Juá realizado, juntamente com outras entidades. O manifesto é fruto da indignação do povo Santareno, que convive com a destruição causada pela Buruti Imóveis, com o loteamento Cidade Jardim.

Uma extensa área de terra foi adquirida pela empresa junto à família Corrêa. Na área está sendo preparado um grande loteamento chamado Cidade Jardim, composto por 21 mil lotes a serem vendidos a partir do dia 13 de dezembro. Ao adquirir a área, a Buriti Imóveis fez completa retirada da vegetação do local, para iniciar um aterramento e criação de ruas e instalação de postes. Isso sem sequer realizar um Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA-RIMA). A ausência do estudo, porém, não impediu que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA) expedisse a licença ambiental para o empreendimento. À frente da secretaria está o empresário Marcelo Corrêa, membro da família que vendeu a área para a empresa Buriti.

 Atualmente, o lago do Juá dá sustento diretamente para mais de 150 famílias com atividades de pesca e indiretamente atende uma população muito maior. Vale ressaltar que, em 2010 e 2011, a mesma área foi ocupada por um grupo de famílias que estavam em luta por moradia. Uma luta mais que justa, afinal quando morar é um privilegio, ocupar é um direito. E rapidamente a Prefeitura acionou a Justiça que enviou a Polícia Militar para realizar a desocupação da área, com tiros de balas de borracha e outros métodos violentos. Na ocasião, a Prefeita de Santarém, Maria do Carmo (PT), alegou se tratar de uma Área de Proteção Ambiental (APA), por isso imprópria para habitação. Porém, quando se trata dos interesses econômicos de uma empresa privada, a proteção do meio ambiente deixa de ter algum significado para o poder público municipal. Sem dúvida, a liberação de licença ambiental da SEMMA para a Buriti Imóveis foi um ato extremamente irresponsável. Os pobres acabam pagando a conta da destruição ambiental e social.

O Capitalismo é o responsável pela devastação

O surgimento da sociedade capitalista provocou uma separação entre o ser humano e a natureza, que começou a ser vista como uma mera mercadoria, objeto de dominação, pela ciência e pela técnica. Nas formações sociais pré-capitalistas, não havia essa cisão. Em grande parte da Idade Média, por exemplo, a natureza era vista como “provedora” dos recursos fundamentais para a sobrevivência dos indivíduos. O homem era visto como parte da natureza e não acima ou separado dela.

Com o capitalismo tudo mudou. O ritmo da produção impõe uma apropriação crescente dos recursos naturais, necessários á sobrevivência humana, muito maior que o tempo que a natureza precisa para se recompor. No capitalismo não se produz para satisfazer as necessidades humanas, mas para obter lucro. Assim, a necessidade de acumulação crescente de capital e lucro, produz cada vez mais mercadorias. Isso provoca consumo crescente e apropriação acelerada da natureza. Os ritmos naturais se desenvolvem em séculos, uma dinâmica incompatível com produção mercantil, o que impões uma forte e intensa exploração dos recursos naturais levando à ruptura de sua dinâmica.

Olhando para as consequências da Revolução Industrial, Karl Marx já alertava para essa situação, no seu livro "O Capital". Acusava a produção capitalista de “perturbar a interação metabólica homem e terra”, ou seja, as trocas energéticas e de materiais entre os humanos com o seu meio ambiente natural - condição necessária para a existência da civilização. Segundo Marx, “ao destruir as circunstâncias entorno desse metabolismo ela [a produção capitalista] impede a sua restauração sistemática como uma lei reguladora da produção social, e numa forma adequada ao pleno desenvolvimento da raça humana”.

Um Debate Necessário

Não é possível separar a luta ambiental do combate a todos os problemas estruturais produzidos pela sociedade capitalista. Ao mesmo tempo em que aumenta como nunca a produtividade, o capitalismo também faz crecer a miséria e a exploração. Atualmente, quase um bilhão de seres humanos passam fome. Nos países perifericos, 80% das doenças decorrem da falta de qualidade da água. Segundo os dados da ONU, um bilhão de habitantes moram em favelas.

A defesa do meio ambiente deve ser parte da luta dos trabalhadores por melhores condições de emprego, salário e vida. É uma luta anticapitalista e antiimperialista e, em essência, pela construção de uma sociedade socialista. Uma sociedade baseada em novas relações de produção que possam estabelecer um relacionamento equilibrado e realmente sustentável do ser humano com a natureza, “condição inalienável para a existência e reprodução da cadeia de gerações humanas”, como assinalava Marx.

Mas isso não significa deixar de lado a luta presente. A luta pelas políticas públicas, por legislações ambientais mais efetivas, pela proteção de espécies em extinção, deve ser acompanhada pela vontade de mudança da estrutura de dominação burguesa.

O PSTU não se coloca contra a criação de novos espaços habitacionais na cidade, desde que estes respeitem a natureza e as demandas sociais dos trabalhadores. Os responsáveis pelo empreendimento da Buriti Imóveis revelam uma posturas ligadas apenas aos interesses econômicos imediatos. A derrubada irresponsável de todo o verde da área próxima ao Lago do Juá pela empresa Buriti, além de ameaçar o lago, representa um grave atentado a uma luta histórica por moradia em Santarém.

Governo Lula e o Meio Ambiente

Durante o governo de FHC (PSDB) foram aprovadas várias reformas neoliberais que aprofundaram o saque internacional das riquezas naturais do Brasil e da Amazônia, em particular, como o fim do monopólio brasileiro sobre o subsolo nacional e a Lei das Patentes. Com a eleição de Lula, foi alimentada a expectativa de que isso tudo iria mudar, mas não foi o que aconteceu.

Os últimos oito anos foram marcados pelos mais graves ataques ao meio ambiente. Para que isso ocorresse, foi decisiva a presença de Marina Silva à frente do Ministério do Meio Ambiente. O governo de Lula e a então ministra liberaram os organismos geneticamente modificados (transgênicos) no país, permitiram a privatização de grandes áreas na Amazônia e a exploração dos recursos florestais em geral.

Também aprofundaram a política de FHC em relação à gestão de recursos hídricos, que facilita a privatização da água potável, elevaram os níveis de tolerância para o lançamento de efluentes tóxicos nas águas, licenciaram obras como a transposição do rio São Francisco, a usina nuclear Angra 3 e as hidrelétricas do rio Madeira e de Belo Monte.

Agora, o governo Dilma faz o que Lula não conseguiu no término do segundo mandato. O governo modificou o Código Florestal, reduzindo as áreas de preservação permanente colocando-as nas mãos exploração econômica. Tudo de acordo com a cartilha da bancada ruralista no Congresso Nacional. Não há desenvolvimento sustentável sob o capitalismo. Lucro e responsabilidade socioambiental não andam juntos. Por isso, a proposta de desenvolvimento sustentável de Marina não passa de uma grande farsa.

Programa Ecológico Classista

Assim sendo, a Prefeitura de Santarém é responsável direta pelo CRIME AMBIENTAL que está ocorrendo aos olhos de toda a população santarena. Além da retirada completa de cerca de 150 hectares de vegetação, o loteamento da Buriti representa um enorme perigo de assoreamento ao Lago do Juá, um dos recantos mais bonitos da cidade, de águas cristalinas e rico em peixes.

Diante disso, nos recusamos a ficar calados. Devemos ir às ruas manifestar nossa indignação com o mais um crime ambiental cometido pela Buriti Imóveis com a conivência da Prefeitura e da Câmara de Santarém. A luta ambiental deve se juntar às demais lutas de todos os trabalhadores, cuja tarefa básica é garantir o livre acesso dos recursos naturais às pessoas que deles necessitam para viver dignamente.

Certamente, o grande salto na busca por um meio ambiente ecologicamente equilibrado seria o fim do modelo capitalista e sua substituição pelo socialismo. Mas isso não significa que, até lá, devamos deixar as coisas como estão, pois toda reivindicação ambiental se choca com a lógica destrutiva do sistema. É preciso deter a destruição ambiental.

A expansão e a especulação imobiliária através dos grandes loteamentos de terra por parte das grandes empresas configura-se como uma das maiores violações a natureza da história da cidade de Santarém. Sem falar nas violações de direitos humanos, que estão sendo denunciadas pelos movimentos sociais, mas que seguem ocorrendo na região do Lago do Juá. Por isso, o PSTU apoia a luta do povo satareno e do Movimento em Defesa ao Lago do Juá e chama todas e todos a se somarem a luta contra os grandes projetos de destruição da floresta. Vivemos à beira da barbárie ambiental.

Além disso, os trabalhadores, os ativistas, os movimentos sociais e ambientalistas devem lutar por um programa de demandas imediatas que inclua:
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                           Não à ganância por lucros. Não ao consumismo. Fim da produção com o método da “obsolescência programada”.
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  •     Em defesa do Lago do Juá! Desapropriação e punição para a Buruti Imóveis já!
  •    Que área loteada seja colocada a serviço dos trabalhadores! Que sejam construídas casas populares para as famílias que ganham até três salários mínimos! Está área deve atender as demandas sociais da população e não aos lucros dos capitalistas!      Remanejamento das populações que vivem em áreas de risco e áreas de preservação permanente, através da expropriação de terras de modo a acomodar todas essas pessoas, através de habitações dignas em locais dotados de serviços públicos essenciais, como água, esgoto, iluminação e etc.
  •  Defesa da Amazônia, junto aos demais países amazônicos. Controle dos trabalhadores sobre a floresta. Não aceitamos nenhuma interferência imperialista.
  • Não à construção de Belo Monte e outras grandes hidrelétricas na Amazônia.
  • Lutar contra a flexibilização do Código Florestal Brasileiro.
  • Não ao licenciamento ambiental de empresas poluidoras. Não às compensações ambientais. Estatização de empresas que causarem contaminação do ar, do solo e da água.
  • Controle estatal sobre os Estudos de Impactos Ambientais e realização de audiências públicas que garantam a verdadeira participação democrática das populações atingida
  • Por uma sociedade sustentável, que respeite o meio ambiente no seu processo de desenvolvimento! Por uma sociedade socialista!

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