16 de abril de 2013

Repressão e humilhação nos canteiros de obra de Belo Monte



Operários protestam na CMB
Que a obra está sendo construída em um Belo Monte de irregularidades, todos sabem. Mas além das irregularidades ambientais, o Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM) está, novamente, negando direitos aos cerca de 20 mil trabalhadores da hidrelétrica. Parte deles entrou em greve desde o dia 5 de abril com graves denúncias e uma pauta de reivindicação com mais de 30 itens. Entre eles, o fim da repressão policial no local de trabalho, folga aos domingos, a diminuição da baixada (10 dias para visitar a família) de 6 para 3 meses e solução de problemas com a comida e água.
Cléber Rabelo (PSTU), vereador de Belém, esteve em Altamira e tentou uma negociação com a empresa, que se negou a receber os trabalhadores. Além da falta de diálogo, o CCBM demitiu cerca de mil operários que estavam envolvidos com a greve. Destes, 90 estão em Belém, com o apoio do PSTU, para reivindicar seus direitos. Desde o dia 13 o PSTU está junto com os operários na busca por justiça. Na manhã da segunda-feira (15), o vereador Cléber Rabelo os levou até a Câmara Municipal de Belém, onde cobrou justiça e recolheu assinatura de 22 vereadores em uma moção de apoio. Depois seguiram em marcha até o Ministério Público do Trabalho onde uma comissão foi recebida pelo promotor Hideraldo Machado que recolheu seus depoimentos.

Reunião com operários na OAB-PA

À tarde, em reunião no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB-PA, os trabalhadores contaram alguns dos vários casos de repressão e desrespeito aos seus direitos. A reunião, solicitada pelo vereador Cléber Rabelo, contou com a presença do Secretário Geral da casa, Jader Kahwage, do advogado trabalhista José Maria Vieira e da imprensa da capital. Na ocasião, a OAB se comprometeu a enviar sua comissão de direitos humanos aos canteiros e cobrar explicações dos governos federal e estadual.
Repressão – O que é mais sentido pelos trabalhadores que estão alojados no Sindicato da Construção Civil de Belém (STICMB), é a repressão sofrida nos canteiros. A coerção acontece 24 horas. No café, almoço e jantar eles convivem com agentes da Força Nacional e da Ronda Tática Metropolitana (ROTAM-PA), armados. “Se eu for ao bebedouro mais de uma vez tomar água eles reclamam, perguntam se engoli sal. É tanta humilhação que eu caí em depressão”, conta Sinvaldo da Silva. “Agora eu posso falar porque agora estamos protegidos, posso falar o que sempre quis e não podia” desabafa.
Trabalho escravo – Uma das pautas de reivindicação é o fim do sistema “5 por 1”. Ele consiste em trabalhar cinco domingos e folgar um, ou seja, os operários de Belo Monte passam um mês inteiro trabalhando sem nenhum dia de folga. E se faltam um dia “eles descontam cinquenta reais do nosso vale-alimentação e mais vinte e cinco da diária. E se a gente faltar dois dias no mês eles cortam o nosso vale todinho”, afirma Aluzimar Santos.
Para a advogada do STICMB, Ana kelly, essa situação é análoga ao trabalho escravo: “Mesmo que eles comecem a pagar hora extra, esse sistema beira a escravidão. Além da situação de aliciamento porque eles fazem uma propaganda enganosa, com salários maiores, para trabalhadores de outras praças, levam para um lugar de difícil acesso e oferecem péssimas condições de trabalho. Isso precisa ser investigado”, alertou.
O secretário –greral da OAB, Jader Kahwage, afirma que esse sistema deve estar previsto no acordo com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada (SINTRAPAV-PA): “Só o SINTRAPAV, que sabemos que é um sindicato vendido, pode anular. Mas vamos acionar o ministério público para investigar a situação”. Os trabalhadores da obra denunciam a falta de apoio do SINTRAPAV e reivindicam a Central Sindical CSP-Conlutas pelo apoio dado em defesa de seus direitos.
ATO EM BELÉM - Na manhã desta quarta-feira, 17, o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado convida para um ATO na frente do CCBM, às 8h30. A mobilização está sendo organizada pelo Movimento Xingu Vivo Para Sempre, a Central Sindical CSP – Conlutas, ANEL, além do Sindicato da Construção Civil de Belém. Para Cléber Rabelo, o consórcio precisa negociar: “Os operários estão com medo de voltar lá. Eles deixaram pertences e não receberam sua quita. O consórcio precisa pagar o que deve pra eles e esse pagamento deve ser feito aqui em Belém”. O PSTU lembra, ainda, que a campanha pelo trabalhador “Belém” que desapareceu dentro do canteiro de obra deve continuar e ser investigada pelas autoridades.

PSTU em ato contra Belo Monte, 2011
 O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado é contra a exploração e humilhação sofrida pelos trabalhadores nas obras do governo Dilma! Estamos ao lado dos trabalhadores na busca por seus direitos. Chega de repressão aos trabalhadores de Belo Monte! Fora Força Nacional e ROTAM!
Assista vídeo com denúncias dos trabalhadores

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