O jovem terena Oziel Gabriel foi morto por um tiro no peito durante despejo
Fonte: pstu.org.br
Um indígena terena foi assassinado durante uma reintegração de posse
executada pela Polícia Militar e Federal na manhã desse dia 30 de maio
na fazenda Buriti, município de Sidrolândia, no Mato Grosso do Sul.
Oziel Gabriel tinha 32 anos e era também estudante do ensino médio.
Outros 13 indígenas teriam dado entrada no hospital com ferimentos a
tiros, segundo o CIMI (Conselho indigenista Missionário). Centenas de
indígenas teriam ficado feridos.
A área ocupada pelos terenas havia sido declarada terra indígena pelo
governo federal em 2010. No entanto, a homologação foi contestada na
Justiça pelos "proprietários". A fazenda pertence a um ex-deputado
estadual do PSDB, Ricardo Bacha e estava ocupada pelos terenas desde o
dia 15 de maio. Segundo a Funai, 4.500 indígenas de nove aldeias vivem
na região.
Assassinato
A ordem de despejo foi concedida pela Justiça na noite desse dia 29. Segundo relatos dos indígenas ao CIMI, centenas de policiais militares e federais invadiram a fazenda por volta das 6h da manhã, com bombas de gás, disparos de balas de borracha e armamento letal. O massacre durou toda a manhã. Apesar de a polícia ter afirmado que apenas respondeu a supostos ataques desferidos pelos indígenas, nenhum policial ficou ferido. A Polícia Federal isolou a área e impediu a aproximação da imprensa.
A ordem de despejo foi concedida pela Justiça na noite desse dia 29. Segundo relatos dos indígenas ao CIMI, centenas de policiais militares e federais invadiram a fazenda por volta das 6h da manhã, com bombas de gás, disparos de balas de borracha e armamento letal. O massacre durou toda a manhã. Apesar de a polícia ter afirmado que apenas respondeu a supostos ataques desferidos pelos indígenas, nenhum policial ficou ferido. A Polícia Federal isolou a área e impediu a aproximação da imprensa.

O dirigente indígena Gerson Terena denunciou a situação ao CIMI, por telefone: “Mataram
um guerreiro Terena. Tem guerreiro no hospital. Chegaram de forma
covarde, com balas e bombas. Atiraram pra matar. Não teve negociação. O
Estado manda em tudo, em juiz, em tudo. Nós aqui morrendo por um pedaço
de terra. Oziel era jovem, comprometido com a vida de seu povo”. Um
cinegrafista da TV Morena, afiliada da rede Globo na região, foi
atingido por bala de borracha e corroborou a versão de que a polícia já
chegou atirando, sem qualquer negociação ou chance de defesa por parte
dos indígenas.
O governo do estado divulgou nota afirmando que a Polícia Militar não
utilizou armamento letal durante a reintegração.Testemunhas afirmaram à
imprensa da região que os disparos que mataram Oziel partiram da
Polícia Federal, em uma ação comandada por um "delegado baixinho e
careca" que, pelas especificações, seria o delegado Alcídio de Souza
Araújo. É o mesmo delegado que aparece nesse vídeo confiscando ilegalmente equipamentos de um jornalista do CIMI no último dia 19.
Foi um verdadeiro massacre que supera em brutalidade e covardia o
despejo do Pinheirinho em São José dos Campos (SP). Mas desta vez,
comandado pelo governo federal.
Governo Dilma tem sangue indígena nas mãos
O governo federal é duplamente culpado pela morte do jovem terena. Primeiro, pelo próprio assassinato cometido pela Polícia Federal, da qual é diretamente responsável. E segundo, pela paralisação da homologação das terras indígenas no país, que vem criando uma situação de tensão e sofrimento às comunidades que esperam ter suas terras legitimadas pelo estado.
O governo federal é duplamente culpado pela morte do jovem terena. Primeiro, pelo próprio assassinato cometido pela Polícia Federal, da qual é diretamente responsável. E segundo, pela paralisação da homologação das terras indígenas no país, que vem criando uma situação de tensão e sofrimento às comunidades que esperam ter suas terras legitimadas pelo estado.
O governo Dilma, porém, desta vez não foi apenas omisso em relação ao
assassinato de indígenas por pistoleiros pagos por fazendeiros. Agora,
foi o próprio governo quem apertou o gatilho. O assassinato de Oziel é,
assim, lamentavelmente, coerente com a política cada vez mais
anti-indígena e pró-latifúndio do governo. Recentemente, a ministra da
Casa Civil, Gleisi Hoffman, criticou os atuais critérios para a
demarcação de terras indígenas durante audiência da bancada ruralista no
Congresso. Ela propôs a criação de um novo sistema de demarcação,
tirando poderes da Funai e envolvendo a Embrapa (Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária), órgão público mas próximo ao agronegócio.
Longe de ter sido um acidente ou uma força excessiva por parte da
Polícia Federal, o assassinato de Oziel é o resultado de uma política de
governo que prioriza os interesses do agronegócio e dos latifundários.
Nenhum comentário:
Postar um comentário