Desde o mês de junho,
inúmeras passeatas ocorreram em todo o país. A juventude foi às ruas desafiar a
ordem e reivindicar mais investimentos para saúde, educação e, principalmente,
a redução das tarifas de ônibus e o passe livre para estudantes e
desempregados. Em Belém não foi diferente. Diversos atos aconteceram: em frente
à prefeitura, no centro e na saída da cidade; as praças ficaram lotadas e a
Câmara Municipal foi ocupada duas vezes. Mas que movimento é esse e para
onde ele vai? Qual o papel da juventude e qual a saída estratégica para a crise
em que se encontra o país? Pensando nisso, a juventude do Partido Socialista
dos Trabalhadores Unificado (PSTU) realizou, entre os dias 15, 16 e 17 de
agosto, o II acampamento da Juventude Revolucionária, em Belém.
Cerca de 50 pessoas, entre militantes
do partido, ativistas independentes e do Movimento Belém Livre (MBL), participaram
do acampamento. Foram três dias de palestras, oficinas e discussões intensas. No primeiro dia, o debate
girou em torno da conjuntura das lutas que acontecem tanto no Brasil, como no
mundo - reflexos do aprofundamento de uma crise gerada pelo sistema capitalista
- e contou com a participação da professora Dr. da Universidade Federal do Pará
e militante do PSTU, Socorro Aguiar. “Se de um lado vemos o avanço da destruição colossal provocada
pelo capitalismo em nível mundial, com o avanço da miséria, da violência e da
alienação (...), de outro, vemos as repostas contundentes que as massas têm
dado no mundo e em locais estratégicos para uma possível e necessária
revolução, como o Oriente Médio, Europa... e mais recentemente o Brasil”, afirmou.
Para Bianca Holanda,
militante da juventude do partido, as grandes passeatas que estouraram em junho
têm forte influência das lutas protagonizadas por jovens ao redor do mundo. “O que vivemos aqui não é um fato isolado.
Muito pelo contrário! Nós, em certa medida, estamos cumprindo um papel
semelhante aos jovens na Europa, que lutam contra os planos de austeridade e
até mesmo aos jovens do Egito, que derrubaram uma ditadura de 30 anos, cujo seu
principal símbolo era Mubarak”, afirmou.
Além disso, as mobilizações
também foram o maior reflexo do balanço dos 10 anos do Partido dos Trabalhadores
(PT) no governo. Um partido que, segundo Bianca, traiu os trabalhadores e ataca
sistematicamente os direitos dos jovens, como mostrou a recente aprovação do
Estatuto da Juventude: “Motivos não faltavam para que a juventude se
revoltasse, tanto é que eles transbordaram nas jornadas de junho. O problema é
que existia uma sensação de bem estar, uma certa ilusão de que tudo ia bem, que
se comprovava com os 90% de aprovação do governo Dilma. Hoje a situação é bem
diferente”.
Já o segundo dia foi
reservado para leitura e discussão dos principais pontos teóricos de
sustentação do programa do PSTU. Entender o que é e como funciona a sociedade, como
ela está dividida e qual o papel que o estado cumpre na manutenção da ordem
social vigente foram os principais objetivos do dia. “Saber de tudo isso é
quase um soco na cara, um choque de realidade (...). O acampamento aprofundou o
que eu vivenciei das jornadas de junho e me fez entender o que é o sistema que
a gente vive; como ele é maléfico e como nós somos explorados”, falou o
estudante Jhonatan Moura, ativista das jornadas de junho.
Reforma ou revolução?
A partir de junho, tudo
passou a ser questionado, inclusive o governo dos ricos. Um exemplo disso foi o
Dia Nacional de Lutas, que fez o dia 11 de julho superar a greve geral convocada
na década de 80 e parar setores estratégicos da classe operária, como o
automobilístico e a construção civil. Além disso, a forte onda de ocupações de
Câmaras Municipais no mês de agosto demonstra que a juventude pegou para si a
tarefa de mudar a sua realidade. Mas para isso, é necessário organização. É
necessária uma reflexão cuidadosa sobre para onde ir e quais estratégias devem
ser adotadas. E essa foi o objetivo do terceiro dia do acampamento.
Durante toda a manhã, o vereador de Belém, Cleber Rabelo (PSTU),
conversou com os participantes sobre a necessidade de tomar partido. De acordo
com Cleber, nunca um sistema que se baseia na exploração vai conceder aquilo o
que a juventude e os trabalhadores necessitam, de fato. E, por isso, o vereador
fez um chamado aos jovens lutadores, para que eles somassem as fileiras do PSTU
e lutassem pela destruição do sistema capitalista. “Não é possível, nesse
sistema, que tenhamos acesso à cultura e ao lazer, nem que o transporte, a educação
e a saúde sejam de qualidade. Justamente porque, no capitalismo, o lucro está
acima das necessidades mais básicas dos seres humanos. E é com essa mesma
certeza que o PSTU propõe a ruptura total com esse sistema. Precisamos destruí-lo
política e ideologicamente para que possamos construir uma nova sociedade, onde
possamos ser plenamente livres e esperamos ter muitos de vocês lutando conosco”.
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