7 de fevereiro de 2014

Um 2014 que já começa com lutas em todo o Brasil


Renasce o “perigo vermelho”. As palavras são de Arnaldo Jabor. A mídia, os governos e a elite estão conscientes de que há uma forte mudança na consciência dos trabalhadores. Os rolezinhos irritaram, além da burguesia, parte da pequena burguesia. Não era pra menos, pois os setores marginalizados das periferias do Brasil, enfim, reagiram massivamente contra a opressão racista e social. Aqueles carregadores, jovens negros, atendentes e estudantes –para muitos, “vagabundos”- reagiram de forma inesperada e original. Poderiam aguentar, calados, um pouco mais de humilhação. Mas não. Reagiram de forma justa e ousada. Daí, o clima de um 2014 de lutas começou, espontaneamente, nos shoppings. Seja inverno, chuva, sol fervente ou frio, parece que as estações de 2014 serão marcadas por muita mobilização. 



A periferia em cena
Não foram somente os rolezinhos, foram muitas outras mobilizações de trabalhadores negros e pobres que começam marcando o início de 2014. Em São Paulo, os trabalhadores sem teto mobilizaram milhares. De Santarém e Manaus, no norte, passando pelo Rio até Joinville no sul do Brasil, vários bloqueios de ruas e avenidas exigindo serviços básicos e essenciais: água encanada e energia elétrica.
No Rio de Janeiro, na zona oeste, há caso de energia elétrica suspensa diariamente desde novembro. Em todos os casos, o fornecimento de energia ou água não é reatado com rapidez, mas a presença dos batalhões de choque da PM é quase instantânea. Porém a luta não parece retroceder e os bloqueios e atos continuam.Na grande São Paulo, a periferia mostra sua indignação queimando ônibus. Indignados, os moradores reclamam somente o que é de seus direitos. O fim da ação truculenta da PM, além de serviços públicos de qualidade: transporte, saneamento etc. Tudo que é sentido na pele pelo descaso de Alckmin e Haddad. São os trabalhadores e o povo pobre e negro entrando em cena.

A voz dos trabalhadores

O movimento de periferia e dos rolézinhos puxaram a realidade para o lado das lutas. A greve dos rodoviários de Porto Alegre deixa os empresários encurralados. Os trabalhadores desafiam a justiça e dizem que encerram a greve se o Passe Livre for aprovado. Cai por terra a preocupação dos empresários com a população gaúcha. No RN, os professores entram em greve e o governo de Rosalba está por um fio de cair. Os empresários do transporte se movimentam para aumentar as tarifas. A juventude responde exigindo o congelamento e Passe Livre, tirando do lucro dos empresários.
Atos contra os desmandos da Copa colocaram o governo federal em alerta. Os servidores públicos federais lançam campanha salarial com indicativo de greve para março. Uma onda de indignação que parece não acabar movimenta o Brasil.

O outro lado da moeda: a voz dos opressores

Aumenta a repressão e ataque dos governos sobre os movimentos sociais. Em São Paulo, um tiro letal da PM deixou um estudante em coma, após uma manifestação. No mesmo estado, uma moça é atropelada intencionalmente por um PM em moto. No Pará, o governo de Jatene corta R$ 60 milhões dos salários dos servidores. Os governos do Brasil inteiro estão unidos. Contam com a ajuda preciosa da imprensa e da justiça, criminalizando as greves, rolezinhos e atos. Aprofundam o déficit habitacional, a crise na saúde pública e a desigualdade social.

A homofobia que deixa cada vez mais vítimas fatais coloca o Brasil no topo do ranking com 44% dos casos de morte por homofobia no mundo. Um jovem ovem gay foi confessamente morto por homofobia em SP, por grupos de jovens especializados em matar gays. Ao mesmo passo, Bolsonaro e Feliciano dizem que homofobia é invenção do movimento LGBTT.

O que dizer do racismo “redescoberto” no país da “igualdade racial”. Após os rolezinhos, o racismo veio à tona com milhares de comentários racistas. A justiça dividida, aplicou sentenças favoráveis a vários shoppings para impedir os rolezinhos. Ou seja, utilizam-se do racismo para crescer a muralha de concreto que separa pobres e ricos. O absurdo é menos mascarado em outro caso no Rio. Jovens de classe média agridem e acorrentam jovem negro de 15 anos a um poste. Não para por aí. Rachel Sheherazade do SBT, chama o jovem de marginalzinho e diz que a ação dos playboyzinhos é compreensível constroem a base ideológica e repressora pra fazer os trabalhadores abandonarem a

A desigualdade não diminui

Parece não haver governo que escape do descontentamento geral. Nem mesmo o governo federal está isento de críticas. O fato é que o aumento das tensões sociais se explica por um lado, pela farra dos empreiteiros, banqueiros e latifundiários, e por outro, pela pobreza crescente no Brasil. Isso mesmo. A pobreza é sentida na pele do povo trabalhador. O aumento da renda registrado nos últimos dez anos, é fruto do trabalho duro do Brasileiro que acorda cedo, enfrenta metrôs e ônibus superlotados, e/ou enfrenta quilômetros de congestionamento para poder trabalhar. É a brasileira que trabalha na obra e não tem creche para deixar seus filhos.

Da mãe de família que vê sua renda diminuir em um ano, o que demorou 10 anos pra conquistar a É maior a pobreza sim, porque o trabalhador está produzindo cada vez mais e ganhando relativamente cada vez menos. Enquanto as famílias brasileiras estão cada vez mais endividadas, os bancos farreiam. O Itaú registrou lucro recorde de R$ 15 bilhões, o Bradesco de R$ 12 bilhões
de qualidade, apesar de a economia ter galopado nos últimos 10 anos.

Por que será? Em 2013 o gasto com a dívida pública foi de R$ 718 bilhões, mais do que o triplo gasto com pessoal, R$220 bilhões gastos com juros somaram, contando a inflação, o valor de R$ 1,190 trilhão. Em média, cada um dos 94 milhões de brasileiros com ocupação remunerada gastou, indiretamente, R$ 2 mil por ano com essa dívida. Através de carta, Dilma festejou dizendo ao congresso nacional que “É importante destacar que a necessidade de financiamento da Previdência Social caiu de 1,3% do PIB em 2009 para 1% em 2013; as despesas com pessoal, de 4,7% para 4,2% do PIB, no mesmo período. Esse esforço não seria concretizado sem a parceria do Congresso Nacional.” A chamada Lei de Responsabilidade Fiscal do governo FHC é usada por Dilma pra arrochar os trabalhadores. Na mesma carta, ela diz “Manteremos, em 2014, uma gestão das contas públicas compatível com a continuidade da política de profundo compromisso com a responsabilidade fiscal”

Dilma: rompa com os banqueiros 

Não tem jeito. O governo deve romper com os banqueiros. Deve investir os bilhões da dívida pública em reforma agrária, educação e demais áreas sociais. Somente assim poderemos ter certeza de que o Brasil estará mais forte pra enfrentar a crise que se avizinha, evitando uma catástrofe social como vive a Europa. Caso contrário, as lutas provavelmente crescerão e a Copa, assim como as eleições, podem e devem ser atravessadas por novas manifestações de massas e greves operárias.

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