5 de novembro de 2014

Chacina na periferia de Belém espalha pânico na cidade. Chega de criminalização da pobreza!

“Vocês criam o bope, o robocop pra me matar
Mas aí eu não temo a morte. Eu não posso morrer
Imortais seremos milhões, enquanto o capitalismo viver... serei imortal.” 
(O Imortal. Gíria Vermelha).

Os trabalhadores de Belém passam por momentos de insegurança e agonia. Durante a noite desta terça-feira (04), o cabo Figueiredo (Cabo Pet), da Ronda Ostensiva Tática Metropolitana (ROTAM) da Polícia Militar, foi assassinado. O crime foi cometido no bairro do Guamá, provavelmente fruto de uma emboscada.
Após o crime, uma onda de horror se espalhou pela cidade. Áudios de policiais prometendo fazer uma “limpeza na cidade”, vídeos e fotos de jovens (negros, em sua maioria) sendo executados foram divulgados pelo aplicativo whatsapp  e lotaram as memórias de vários celulares, ao mesmo tempo em que tornavam vivas as memórias de um tempo de barbárie que muitos achavam não viver mais. No facebook, relatos dos moradores de bairros como Guamá, Terra-Firme, Canudos e Jurunas anunciavam tiros, muita agonia e toque de recolher. A polícia, segundo eles, estava em todos os cantos.
25. 30. 50. 111. Números aleatórios circulavam com a contagem dos possíveis mortos.  A julgar pelo posicionamento da ROTAM em uma página no facebook, tudo era possível: “(...) A caça começou...!!! Te liga vagabundo... a ROTAM está com sangue nos olhos.”, registra a página que ainda traz a foto do policial assassinado numa espécie de convocação à vingança. 
Contudo, em nota divulgada pelo governo do estado, pela polícia e pelos jornais locais, foram registradas 10 mortes até a madrugada desta quarta-feira (05). Entre as mortes, está a do cobrador de ônibus, Bruno Gemaque (20) e Jefferson Cabral Reis (27), que trabalhava como servente em um supermercado. Os representantes da segurança no estado ainda estão investigando para saber se os crimes têm alguma relação com o assassinato do cabo Pet. 

Chega de criminalização da pobreza! 

O clima de pânico ainda permanece. Apesar de não terem certeza do número de mortes, os dados oficiais não convencem aqueles que vivem diariamente a opressão da polícia nas periferias, favelas e ocupações. 
O que acontece hoje é fruto da falência da segurança pública em Belém e no Pará, que persegue os pobres na periferia e pratica um verdadeiro genocídio com a juventude, principalmente negra. A violência orquestrada é tanta que faz com que o Pará seja o 4º estado que mais mata jovens negros em todo o país. 
Várias dessas mortes, inclusive, nem são investigadas a fundo ou sequer julgadas, pois são enquadradas nos “autos de resistência”, mecanismo criado na Ditadura Militar para legitimar a violência da polícia. A partir daí, justifica-se o assassinato de várias pessoas, a partir da alegação da “resistência na prisão”. Como uma pena de morte não institucionalizada, sem direito a defesa ou resposta. 
O PSDB de Jatene e Zenaldo compactua com esse caos a partir dos poucos investimentos em segurança pública, educação, esportes e lazer. São eles os verdadeiros responsáveis pelos trabalhadores continuarem como reféns do medo e da falta de segurança.  E para não ser cúmplice de mais esse massacre, é preciso tomar todas as providências possíveis. 
Exigimos a investigação e a punição dos responsáveis por todos os crimes cometidos. A tragédia que aconteceu com o Cabo Figueiredo não pode ser usada como justificativa para o massacre promovido pela polícia nos bairros pobres de nossa cidade.
É preciso intensificar os debates e a luta pela desmilitarização da PM. Essa instituição – filha da ditadura militar – já deu provas de que não seve aos trabalhadores e à população pobre da periferia. Só com uma polícia civil unificada, controlada pela população, com eleição direta para os oficiais, garantindo direito à greve e voltada para a atuação comunitária poderá ter fim o caráter autoritário e repressor das polícias brasileiras.
A intimidação também não pode nos calar. Neste mês da Consciência Negra, mais do que nunca, é necessário resistir! 


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