10 de junho de 2015

O colapso do transporte público em Belém

João Paulo

Os cargos políticos do Estado são de natureza burocrática.A verdadeira tarefa é sujar as mãos para as empresas,para a elite econômica propriamente dita. Mais especificamente os prefeitos,secretários,vereadores,governadores etc,são os capatazes das multinacionais americanas,alemães ,japonesas e suas elites sócias locais. O imperialismo desnuda a democracia,apesar da força dos aparatos contrarrevolucionários.Desnuda no sentido de tirá-la o véu e mostrá-la como é:a democracia dos ricos,a ditadura do capital sobre os trabalhadores. 
O grau de sujeição deles é ridículo. Em Belém,capital do Pará,o reajuste da tarifa de ônibus é um exemplo claro.Se por uma lado,a concorrência entre as empresas faz-se representar nas tribunas,por outro,seus interesses comuns estão cada vez mais representados nas mãos de poucas empresas,as quais passam o domínio das ações políticas para seus capatazes.A SETRANSBEL, organização das empresas de transporte do sistema rodoviário da capital (Belém Rio,Viação Forte) tem sua equivalente no governo municipal,a SEMOB. 

A SEMOB: orgão do monopólio dos transportes
 
Não se trata somente de hipocrisia o caso da divulgação,pela SEMOB,de uma lista de critérios de operação para as empresas do sistema de transporte em Belém.Sabemos que as empresas abusam da lotação,do tempo de espera e da qualidade,sendo que todas desobedecem os critérios lançados em 2014.A lista de exigências lançadas pela SEMOB incluía várias determinações,entre as quais,a aquisição de veículos novos, cumprimento das ordens de serviço com horários determinados pela Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana, manutenção de local digno para os operadores do sistema (motoristas e cobradores) no final da linha com estrutura para a pausa entre viagens, investimento em capacitação dos operadores e pagamentos dos tributos e multas em dia.Tais critérios foram lançados para enganar os usuários ao mesmo tempo em que corresponde à exigência de certo grupo de empresas.Ou seja,a SEMOB vira um balcão de negócios e aquelas empresas que assumiram não ter condições de seguir os critérios da SEMOB foram as empresas derrotadas no leilão da corrupção,na concorrência capitalista.Foram elas:Viação Perpétuo Socorro, Viação Princesa, Transporte Vianorte e Vip Transportes.Conclusão,outras empresas assumiram as linhas abandonadas pelas derrotadas,mas não mudaram a condição precária de transporte,nem obedecem as determinações da prefeitura.A vencedora principal foi a Beira Rio,que assumiu a maioria das linhas e  funcionários.
 
Lucro acima de tudo
 
Mas não vivem só da concorrência as empresas capitalistas.A concorrência é uma lei relacionada e subordinada à outra:a necessidade de lucrar e explorar os trabalhadores.Por isso,a bancada política da elite aprovou junto ao prefeito em 2011,o perdão de uma dívida de 80 milhões das empresas de transporte e ainda baixou o imposto sobre serviços para 4%.Uma verdadeira demonstração do caráter antidemocrático do Estado.Enquanto os trabalhadores padecem no transporte;enquanto o trabalhador sua para pagar seus impostos,proporcionalmente muito maiores do que pagam os empresários,"a casa do povo de Belém" alivia os bolsos dos milionários. Neste momento,cessa a concorrência e prevalece a necessidade de lucrar.Toda a elite junta pelos seus privilégios.Quatro anos depois a saga se repete.Em pouco mais de um ano,50 centavos de aumento,para uma população de renda baixíssima.A ampla maioria da população não aprova o aumento,mas quem se importa com a democracia em período não eleitoral? Os empresários são minoria,mas uma minoria com poder político e econômico.
O que dizer do BRT? Obra com irregularidades,ferida aberta na vida da cidade.Não importa,o dinheiro continua acumulando na conta do consórcio construtor,apesar de tudo estar paralisado. Para o BRT de Jatene,o último foi buscar crédito de 320 milhões com o Japão,a juros.Ou seja,atou as mãos dos paraenses aos japoneses.Nada mais representativo da realidade de uma semicolônia.O governo se endivida com o capital estrangeiro e reduz arrecadação de impostos sobre empresários locais.Empresários japoneses e brasileiros juntos.Resultado:aumenta a tarifa,diminui a frota de ônibus e corta-se na carne do trabalhador.Exploração é a palavra síntese desta situação.
Para dar mais feição de democracia,cria-se um conselho municipal de transporte,composto por empresários,representantes da sociedade civil e o governo. Nada menos burocrático.Representantes fictícios de sociedade civil fictícia,tão desconhecidos e desprezados pelos trabalhadores que têm menos autenticidade que o prefeito.
Os trabalhadores não tem nada a ganhar com a forma de organização da atual sociedade.As suas vidas são administradas pelos seus algozes,burocratas interessados em administrar os negócios financeiros de alguns empresários.A eleição destes burocratas deve ser revelada como são: uma farsa.A democracia não é nada mais do que uma palavra bonita na boca de mentirosos,sempre dispostos a atender os interesses de uma minoria em detrimento da ampla maioria da população.Os trabalhadores não podem aceitar este ataque do aumento da tarifa de ônibus.Se este ataque passar sem resistência,a elite econômica e política que controlam a cidade ganharão confiança para fazer mais ataques.A verdadeira democracia,dos operários e do proletariado,virá de sua própria ação nas ruas,em greves e passeatas.Desta maneira,será possível construir a sociedade voltada aos interesses da maioria,desde o transporte público e trabalho,até os assuntos mais banais.

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