2 de outubro de 2014

Contra o genocídio da papulação negra, um programa de Raça e Classe!



   Como parte do processo de construção de um programa eleitoral socialista e revolucionário para a classe trabalhadora paraense, com um corte de Raça e Classe, nossos candidatos e militantes, ativistas revolucionários e socialistas abordarão em nossa campanha as questões mais sentidas pelas negras e negros da classe trabalhadora.

    A questão racial para nós é parte das propostas para a revolução socialista. Queremos propor para a classe trabalhadora negra paraense, um programa de “Raça e Classe”.

Por que defender um programa para a luta contra a opressão racial nas eleições?


É um fato que a pobreza no Brasil, e especificamente no Pará, tem cor. Entretanto, esta afirmação não pode ocultar a existência de um amplo contingente de pessoas pobres e extremamente pobres que não são negras. Todavia, a maioria dos negros não é negra porque é pobre, mas sim, é pobre (ou mais pobre), justamente por ser negro.

Os negros representam 52% da população brasileira. O Pará, junto com os estados da Bahia e do Amazonas, está entre os que possuem as maiores proporções de negros, próximas a 80%, de acordo com o PNAD de 2005. A composição étnica do estado do Pará está classificada assim: Pardos, 73%; Brancos, 23%; Negros, 3,5% e Indígenas, 0,6%.

Um retrato do que dizem os números é o bairro da Terra Firme. A Terra Firme, ou TF, é um bairro marcado pela migração. De acordo com o censo de 2010 do IBGE, habitam 34.468 mil pessoas no bairro, sendo 10.041 migrantes. Outra característica da TF são as palafitas construídas às margens do Rio Tucunduba. É um bairro predominantemente negro (ou pardo). Onde as igrejas dividem as mesmas ruas que os terreiros e onde habita boa parte da história do Rap em Belém.

Ano passado o IDESP apresentou um relatório sobre a condição da mulher negra no mercado de trabalho de Belém. A partir dos dados do censo de 2010, o IDESP mostra que 59% da população de Belém se auto declara negra ou parda, e desse total, 49% são mulheres. Entre os homens, Belém segue a realidade nacional, isto é, o homem negro recebe substancialmente menos que o homem branco, mas nada é mais assombroso do que a realidade feminina: a renda média da mulher negra de Belém não alcança R$ 300.

O relatório registra a existência de 198.630 mulheres empregadas domésticas em Belém, sendo que 84,11% são de mulheres negras. Outros dados do IDESP mostram que 75% das mulheres negras estão ocupando posições sem proteção legal, sem remuneração ou com baixos salários. Entre as mulheres negras que trabalham sem remuneração o percentual é de 13%, contra 8% de mulheres brancas. A quantidade de negras trabalhando como empregadas domésticas (com e sem carteira assinada) supera o de negras registradas como empregadas com carteira assinada.

Os negros representam apenas 20% dos brasileiros que ganham mais de dez salários mínimos. A população negra também representa apenas 20% dos brasileiros que chegam a fazer pós-graduação no país. Com base em dados da PNAD (Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar), 13% dos negros com idade a partir de 15 anos ainda são analfabetos. Somando todas as raças, o total de pessoas que não sabem ler nem escrever no País chega a 10% da população. O maior percentual de analfabetismo entre a população negra está registrado no Nordeste, 21%. Depois vêm o Norte e o Sul, abaixo da média, cada um com 10%, seguidos da região Centro Oeste, 9% e do Sudeste, com 8%. No PNAD de 2012, a participação da população negra entre os miseráveis cresceu 15%.

E quando se fala em violência, a situação só piora. O Pará é o sexto Estado mais violento para negros no País. Segundo o estudo "Vidas Perdidas e Racismo no Brasil", divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), um homem da cor negra no Estado tem sua expectativa reduzida em 4,28 anos ao nascer em razão da violência. A média é quase três vezes superior à expectativa de um homem paraense de outra etnia (1,68). O número também é bem acima da média nacional, que apontou 3,5 anos. No ranking nacional, o Pará só fica atrás das proporções dos Estados de Alagoas (6,21 anos), Espírito Santo (5,18 anos), Bahia (4,37), Paraíba (4,81) e Pernambuco (4,52). Santa Catarina e São Paulo apontaram as menores médias: 2,01 anos e 2,08, respectivamente.

Quando o levantamento avalia apenas os casos de homicídios, o Pará surge em situação ainda pior, na quarta posição do ranking nacional. Um negro no Estado perde, no geral, 2,67 anos de vida em sua expectativa ao nascer. Entre os homens não negros, essa expectativa cai para 0,88. O Estado também figura entre as quatro maiores taxas de homicídios de negros do País. Segundo o Ipea, 55 homens negros serão assassinados no Pará em cada grupo de 100 mil. No universo dos homens de outra cor, essa taxa é reduzida para 15 a cada 100 mil.

Como comparativo, em todo o País, os homicídios reduzem a vida dos homens negros em 1,73 anos contra 0,81 dos não negros. A taxa de homicídios de negros no Brasil é de 36 para cada 100 mil; para não negros, ela é de 15,2. Ou seja, para cada homicídio de não negro no País, 2,4 negros são assassinados. Os dados do Ipea também mostram que a população carcerária do país é majoritariamente negra: são 252.796 mil negros e pardos, ante 169.975 não negros, conforme levantamento do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça.

Em relação à Educação, mesmo com o avanço das cotas, os negros ainda enfrentam racismo nas universidades. A cota cor representa apenas 20% do total de vagas ofertadas porque está vinculada à escola pública. A UFPA destina 50% das vagas de cada curso para estudantes oriundos de escolas públicas e, dentro dessa quantidade, 40% para os autodeclarados negros. Ano passado, a universidade incluiu os quilombolas no sistema de cotas, com duas vagas apenas. Para contemplar os quilombolas a proposta é semelhante ao que acontece atualmente com as cotas para indígenas e deficientes. Nelas, são criadas duas vagas adicionais em cada curso para esses estudantes. As vagas não preenchidas são extintas. Porém, levantamentos demonstram a existência de mais de 240 comunidades quilombolas no Pará e muitas outras ainda devem ser identificadas, ou seja, muitos ficarão de fora do sistema de cotas.

Saúde e Racismo:
O Atlas Racial Brasileiro, lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), lançado em 2005, revelou que a taxa de mortalidade infantil até um ano de idade é 66% maior entre as crianças negras. Entre as mulheres, a situação é ainda pior. Um dado aterrador, por exemplo, é que as cerca de duas mulheres afrodescendentes morrem por dia, por causas maternas; contra 1,5/dia das mulheres brancas.
Negros e negras são geneticamente mais suscetíveis a doenças como anemia falciforme, hipertensão, glaucomas e diabetes, mas, no entanto, não há iniciativas e políticas por parte dos governantes para protege a população negra dessas doenças.

Ideologia racista
O racismo surgiu como uma ideologia destinada a justificar a escravidão (fundamental para o desenvolvimento da economia capitalista) e, no decorrer dos séculos, foi se “moldando” às mudanças sociais, econômicas, políticas e culturais. Raça é um conceito político e ideológico construído historicamente.

Ideologia, segundo Marx
Para Marx, a “estrutura econômica da sociedade” constitui o alicerce “sobre qual se ergue a superestrutura jurídica e política e ao qual correspondem formas definidas de consciência social”. Ou ainda: “as várias esferas e domínios da sociedade refletem o modo de produção dominante e a consciência geral de uma época é condicionada pela natureza de sua produção”
Dentro deste processo, a ideologia cumpre um papel fundamental: “certas ideias se originam e se difundem porque sancionam (legitimam) relações sociais existentes ou promovem determinados interesses de classe” (Dicionário do Pensamento Marxista, Tom Bottomore).
Escravidão e acúmulo de Capital

Quando da colonização do Brasil, no período conhecido como Mercantilismo, negros e negras foram, literalmente, "peças" fundamentais para a acumulação originária ou primitiva de Capital. Arrancados da África, milhões de homens e mulheres foram transformados em mercadorias de altíssima lucratividade, através do tráfico negreiro e da escravidão, sendo "inseridos" como tal nas colônias mundo afora: humanos só naquilo que era imprescindível (da alimentação à sexualidade); simples partes de uma cadeia de produção no que se refere a todo o resto.

“Eis aqui, a origem da escravidão negra. A razão era econômica, não racial; isto não tinha a ver com a “cor” da mão-de-obra, mas como o fato dela ser barata. (...) O aspecto físico dos homens, seu cabelo, sua cor e dentição, suas características “subumanas” tão alardeadas, foram apenas racionalizações posteriores utilizados para justificar um fato econômico simples: as colônias precisavam de mão-de-obra e empregou o trabalho Negro, porque era ela a mais barata e a melhor. Isto não era uma teoria, foi uma conclusão prática”. (Eric Willians “Capitalism and Slavery”, p. 30).
As raízes do Capitalismo se confundem com as correntes do racismo. Consequentemente, não há como romper os grilhões da opressão racial sem arrancar o mal pela raiz, derrotando o sistema que lucra com a opressão para superexplorar. 

Sob o governo de Dilma e do PT, morreram muito mais negros.
Uma grande parcela dos ativistas do Movimento Negro Brasileiro depositou suas esperanças nos governos de Lula e Dilma, porém passados 12 anos e apesar da criação da SEPPIR, o PROUNI e a aprovação do Estatuto da (Des) Igualdade Racial, nós negros e negras da classe trabalhadora não temos muito que comemorar.

O número de vítimas brancas caiu de 18.867 em 2002 para 13.895 em 2011, o que representou um significativo decréscimo: 26,4%. Já as vítimas negras cresceram de 26.952 para 35.297 no mesmo período, isto é, um aumento de 30,6%.Assim, a participação branca no total de homicídios do país cai de 41% em 2002, para 28,2% em 2011. Já a participação negra, que já era elevada em 2002, 58,6%, cresce mais ainda, vai para 71.4%.

Propostas iniciais:
- Contra o Genocídio da População Negra;
- Políticas de garantia de emprego para jovens, sem descriminalização por sua cor;
- Pela punição de atos racistas! Racismo é crime;
- Cotas raciais proporcionais a população negra da região
- Formação de turmas do ensino fundamental e médio para os operários da construção civil dentro do horário de trabalho;

- Saúde publica diferencia para as negras e negros.

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