2 de outubro de 2014

Pela Criminalização da Homofobia, Lesbofobia, Transfobia e pela igualdade de Direitos Civis


    Dia após dia no Brasil assistimos uma crescente onda de violência em todos os setores da sociedade. São centenas de homens e mulheres que são oprimidos, injuriados, espancados e mortos, em sua maioria, da classe trabalhadora. No entanto, vale ressaltar que além de trabalhadores, uma parcela significativa das vítimas é de mulheres, gays, lésbicas e transexuais o que demonstra não só o nível de opressão a que estão submetidos como também a situação altamente vulnerável que se encontram. A violência seja ela psicológica, física ou institucional está naturalizada e socialmente justificada.

    Ao mesmo tempo a questão LGBTT nunca esteve tão presente na consciência de amplos segmentos da sociedade, como vem acontecendo nos últimos anos em nosso país. Esta é evidenciada no surgimento dos debates sobre a criminalização da homofobia no sentido da punição da discriminação contra homo e transexuais e da igualdade de direitos civis. Nesse sentido, setores LGBT’s organizados têm travado uma forte luta pelo reconhecimento desses debates com pautas urgentes não só para os LGBTs, mas para o conjunto da sociedade.

     O PSTU se soma à luta desses setores, pois acreditamos que somente com a união de todos os trabalhadores poderemos dar fim a opressão dos LGBT’s. Em primeiro lugar, torna-se imediata a proteção de sua integridade e de sua vida, o que nesse momento passa necessariamente pela aprovação e aplicação de leis que criminalizem práticas que os discriminem pela sua orientação sexual ou identidade de gênero. Este passo é muito importante, pois dá possibilidade de reconhecer que o preconceito e a discriminação estão arraigados em nossa sociedade e que precisamos ter políticas públicas para combatê-los, ao mesmo tempo que permite uma apuração mais séria do nível de violência sofrido, pois os casos que envolvem homofobia ou transfobia não são tipificados como tais pelo código penal, quando muito, são considerados como crimes passionais ou de ódio.

      Em segundo, consideramos fundamental que sejam garantidas condições de igualdade em todos os âmbitos sociais aos LGBT’s, uma vez que a discriminação e o preconceito se expressam nos vários contextos em que se encontram seja na família, nas escolas, nos locais de trabalho e até mesmo nas organizações políticas.

     Diante disso trazemos algumas propostas que destacamos como importantes na garantia de uma vida digna ao LGBT’s no Estado do Pará

Violência homofóbica e criminalização da homofobia
É importante que nosso estado promulgue Leis que coíbam e punam a homofobia, para que assim LGBT’s possam viver de forma mais digna, tanto no trabalho como em suas atividades sociais.

Assim, defendemos:
  • Criação de lei que puna práticas homofóbicas no estado do Pará com ampla divulgação da lei com cartazes obrigatórios a serem afixados em local visível em estabelecimentos comerciais e prédios públicos!
  • Total assistência do Estado às vítimas de homofobia, envolvendo a Saúde, Educação e Assistência Social
  • Punição administrativa a servidores públicos estaduais que forem homofóbicos!
  • Total assistência do Estado às mulheres lésbicas vítimas de estupro corretivo e outros tipos de violência motivada pela homofobia e punição aos agressores.
 Educação:
            Sabemos o quanto os LGBT’s sofrem nas escolas. Estes estão sujeitos as piadas e até mesmo violência, diariamente nas escolas, tendo ainda como agravante a falta de preparo de alguns profissionais da educação para lidarem com o problema da homofobia na escola, o que gera a grande evasão escolar por parte dos LGBT’s. Nesse sentido o Governo do Estado deve:
  • a partir da Secretaria Estadual de educação debater junto a professores, estudantes, funcionários, pais, sindicatos e movimento LGBT organizado, resultando
    • na elaboração de um kit anti-homofobia para ser trabalhado nas escolas
    • em ações para combater a evasão escolar, em especial de travestis e transexuais
  • Que a homossexualidade seja tratada nas escolas estaduais sem preconceitos, e que as escolas tenham em seu currículo temas sobre a história da sexualidade e sobre os homossexuais na história (na política, arte, literatura, história, etc.).

Saúde:
    Sabemos que os investimentos no Sistema Único de Saúde (SUS) são insuficientes para atender as demandas da população, ainda mais quando se trata das regiões mais periféricas das grandes cidades. Quando falamos então da oferta desse serviço, necessidade básica de todo ser humano, para a população LGBT percebe-se a precariedade, a exclusão e a discriminação.

   A discriminação acontece quando políticas voltadas para o atendimento nos postos de saúde à mulher lésbica são insuficientes ou até inexistentes, quando travestis e transexuais não possuem acesso ao tratamento com hormônios adequado, como o acompanhamento por especialistas através do SUS, precisando muitas das vezes recorrer ao mercado clandestino para obter hormônios e se auto-medicando.

    Embora já exista por parte do governo federal um plano operativo de política nacional voltado para o tema da saúde LGBT, poucas cidades do país possuem o ambulatório especializado para o atendimento às travestis e transexuais, sendo que só existem quatro centros especializados na realização de cirurgias de transgenitalização no país inteiro.

    Em nosso estado, governado pelo PSDB, quem embora tenha um setor que organize a Diversidade Tucana, não apresentou em 4 anos de governo nenhum avanço qualitativo nas políticas públicas para LGBTs. Salvo a limitada carteira de nome social, que mesmo sendo uma das reivindicações do movimento LGBT segue sendo limitada e não aceita em alguns estabelecimentos e planos de saúde, e não minimiza o constrangimento das travestis e transexuais quando não são chamados pelo nome ao qual se identificam.

  • Pela implantação do Processo Transexualizador previsto na Portaria Nº 2.803/2013, que redefine e amplia o Processo Transexualizador no Sistema Único de Saúde.
  • Pela implantação do ambulatório “TT” para o atendimento às mulheres e homens transexuais e as travestis.
  • Ampliação do direito do uso do nome social de travestis e transexuais em todos os estabelecimentos públicos e privados, incluindo os planos de saúde que atuam no Estado do Pará.
  • Por uma política de saúde que possibilite o efetivo acesso à saúde para as mulheres lésbicas e contemple as especificidades das relações sexuais entre elas, superando a desinformação e preconceito.
  • Garantia de equidade no atendimento a doadores homossexuais, livre de preconceitos e discriminação, com políticas de incentivo à doação de sangue e combate à homofobia nos locais de doação.
  • Garantia de atendimento de qualidade para travestis e transexuais em todas as unidades de saúde
  • Que a secretaria estadual de saúde debata com todos os servidores da saúde, sindicatos, e movimento LGBT organizado e garanta:
    • Capacitação de todos os profissionais para garantir um atendimento digno a todos os LGBTs
    • Toda assistência médica e psicológica às vítimas de homofobia!
  • Pela ampliação do programa de DST/AIDS, sem estigmatizar os LGBTs!
  • Pela distribuição gratuita e sem burocracia em todas as unidades de saúde, escolas, universidades e outros locais públicos!
  • Uso do nome social de travestis e transexuais em todas as unidades de saúde, respeitando sua identidade de gênero
  • Pelo direito de doação de sangue por gays

Trabalho e emprego
Nas relações de trabalho a opressão contra LGBTs ganha uma forma particularmente cruel. Já nos processos de seleção homossexuais são discriminados e deixados de fora das relações de trabalho. Quando empregados, sofrem pesadamente com o assédio moral e sexual, humilhação, perseguição e, em função disso, diversas formas de super-exploração. O preconceito também serve como estímulo, de maneira explícita ou velada, às demissões destes trabalhadores. Assim como os demais setores oprimidos, LGBTs estão presentes nos postos de trabalho mais precarizados, além do mercado de trabalho informal e da prostituição. Deste modo, o peso dos ataques da patronal aos trabalhadores recai de modo mais intenso sobre os trabalhadores LGBT's.

Defendemos:
  • Contra o assédio moral e sexual – contra as diferentes formas de perseguição, humilhação e discriminação sofridas pelos LGBTs em locais de trabalho. Punição para assediadores, com agravamento quando o assédio for homofóbico, machista e/ou racista.
  • Contra as demissões de trabalhadores, principalmente aquelas motivadas pelo preconceito.
  • Contra a precarização das relações de trabalho.
  • Punição a empresas que pratiquem homofobia
  • Medidas que estabeleçam cotas para transexuais e travestis como alternativa à prostituição.

Assistência Social
Precisamos de uma assistência social que atenda aos homossexuais que sofrem cotidianamente com a homofobia. Ser LGBT muitas vezes resulta em expulsões de casa, maus-tratos, e não são poucos aqueles, em especial quando se trata das travestis e transexuais, que tem na prostituição a única forma de sobrevivência. Também não são poucos os suicídios resultantes da opressão na família, na escola e no trabalho, e não são poucas as vítimas da violência homofóbica.
Assim, defendemos:
·         Criação de centros de referência para LGBT, com equipes multiprofissionais, em especial nos municípios onde os LGBTs estão mais vulneráveis.
·         Casas-abrigo municipais para LGBT’s em situação de rua, e oferta de alternativas à prostituição.
·         Toda assistência às vítimas de homofobia! Estabelecimento de procedimentos específicos entre as unidades do SUAS[1] (como os CRAS[2] e centros de referência) e a atenção básica à saúde

Direitos Civis
Queremos ter as mesmas garantias de direitos que as pessoas heterossexuais, dessa forma, exigimos:
  • Igualdade de direitos para casais homossexuais no estado, como
    • Igualdade de direitos para servidores municipais com união estável
  • Pela utilização do nome social de travestis e transexuais em todo o âmbito do estado e município. Pela criação de um documento emitido pela prefeitura, com nome social para travestis e transexuais, que sejam válidos em todos os serviços municipais.












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