Greve, que é considerada já histórica, é contra os veículos de comunicação de Jader Barbalho.
Há muito tempo acostumou-se a
dizer e a escrever que a mídia, os grandes veículos de comunicação no Brasil,
estão à serviço do capital, da burguesia, com matérias compradas, deturpadas,
que visam única e objetivamente criminalizar os movimentos sociais e a classe
trabalhadora, sem de fato mostrar suas pautas e reivindicações. Isso tudo é a
mais pura verdade, pois sabe-se que as empresas de comunicação no país são
controladas em sua grande parte por políticos e empresários que usam estes
veículos para defenderem suas posições e interesses. O que não se sabe e nem se
escreve, é que por trás disso tudo também existe uma categoria explorada dentro
das grandes redações de jornais no país que trabalha sem receber horas extras,
com dupla jornada, sem piso salarial e até expondo suas vidas em risco. Essa
categoria é a dos jornalistas. E aqui em Belém do Pará, uma parte dessa
categoria está há três semanas em paralisação.
Os jornalistas do Diário do Pará
e do Diário do Pará On-Line (DOL), veículos pertencentes ao grupo do senador
Jader Barbalho (PMDB), pararam a maior redação do Pará em uma greve que já é
considerada histórica.Repórteres, repórteres fotográficas/os, editoras/es,
diagramadores, revisoras/es, e paginadoras/es do jornal Diário do Pará e
repórteres e coordenadoras/es do Portal Diário Online (DOL) decidiram parar
suas atividades por tempo indeterminado. A greve começou ao meio dia desta
sexta-feira, 20 de setembro em frente aos portões da emissora, que fica em uma
das avenidas centrais da cidade.
Desde abril, o Sindicato dos Jornalistas do Pará (Sinjor-PA)
tenta diálogo, sem sucesso, com a direção do Grupo Rede Brasil Amazônia de
Comunicação (RBA), afiliada da Band, da qual os trabalhadores fazem parte.
Mesmo com atos públicos, protestos e a visível indignação de seus funcionários,
a empresa recusa qualquer negociação.
Posicionado entre os maiores veículos de comunicação do
Norte e Nordeste, o Grupo RBA paga um dos salários mais baixos da categoria no
Pará. Repórteres e repórteres fotográficos ganham apenas R$ 1.000 bruto, por
exemplo. Com descontos, o salário pode chegar a cerca de míseros R$ 800. Não há
sequer um Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR). Há jornalistas que
estão há quatro anos trabalhando na empresa recebendo reajustes
insignificantes, com salários iguais aos que estão sendo pagos a
recém-contratados, denunciam os trabalhadores.
Este ano, o Diário do Pará ganhou cinco prêmios no “The
International News media Marketing Association (INMA) Awards 2013″. No entanto,
o jornal “mais premiado do mundo”, como o departamento de marketing insiste em
frisar, não oferece nem mesmo água potável aos funcionários. “Estamos aqui para
denunciar que essas conquistas se devem ao suor de homens e mulheres que sequer
ganham o bastante para se alimentar com decência todos os dias do mês. Tampouco
deixaremos que a ameaça de demissão e o assédio moral voltem a calar qualquer
um de nós.” – afirma o grupo, em carta aberta.
O jornalista Leonardo Fernandes, do caderno de cultura do
Diário do Pará, que está à frente do movimento, foi demitido, sem justa causa e
sem motivo aparente, como uma forma de intimidação e de evitar que o movimento
ganhasse força. A produtora da TV RBA Cristiane Paiva, foi demitida após
reproduzir no Facebook uma cópia de seu contracheque.
O Grupo RBA é controlado pela família Barbalho, que faz
parte do oligopólio que domina os meios de comunicação no país. A comissão de
trabalhadores, que integra o movimento “Jornalista Vale Mais”, encabeçado pelo
Sinjor-Pará, está desafiando empresários e administradores que, além da pressão
psicológica, exercem enorme influência política nos mais diversos setores.
Leonardo Fernandes, sobre sua demissão, diz: “Depois de decidirmos em uma
reunião, a decisão de grevar, no inicio da semana fui chamado no RH da empresa
e a menina falou “sabemos que você não está satisfeito com a empresa, por isso
resolvemos te demitir”, contou Leonardo que já entrou com o processo
trabalhista contra a RBA. E ele, indagado sobre a surpresa da categoria de
jornalistas entrarem em uma greve, desabafa: “Não há glamour na profissão, mas
sim, muito sacrifício”, diz.
Uma comissão de jornalistas foi recebida no fim da manhã por
Francisco Melo, diretor financeiro do jornal, que se comprometeu em levar as
reivindicações da categoria até Jader Filho, um dos donos do jornal. A comissão
apresentou algumas propostas básicas para a negociação: 1- Estabelecer um Piso
Salarial; 2- A readmissão de Leonardo Fernandes; 3-Estabilidade de 1 ano para
todos os trabalhadores e trabalhadoras grevistas.
Sobre o Movimento #JornalistaValeMais, o repórter do DOL,
Jones Santos, afirma: “O movimento é primordialmente por dignidade e tem um
caráter de desmistificar a imagem do jornalista. Somos trabalhadores,
explorados pelo capital como qualquer
outro” - finaliza.
Camaradas, muito bom saber da luta de vocês!
ResponderExcluirMuito boa a divulgação!