25 de julho de 2014

25 de Julho: Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha

(“...)” O sistema pode até me transformar em empregada.
“Mas não pode me fazer raciocinar como criada”
Mulheres Negras- Yzalú.

Em 1992, na cidade de Santo Domingo, na República Dominicana, foi instituído o 25 de julho como o dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Esse dia é mais do que uma data comemorativa; é um marco internacional da luta e resistência da mulher negra contra a opressão de gênero, o racismo e a exploração de classe. Foi instituído, no I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-caribenhas, para dar visibilidade e reconhecimento a presença e a luta das mulheres negras nesse continente. A luta das mulheres negras é histórica e cheia de resistência. No mundo todo, nós, mulheres negras somos as mais pobres, as maiores vítimas de doenças, da violência, do analfabetismo e estamos nos postos mais precarizados de trabalho. Sofremos com a dupla opressão, e em consequência disso, a dupla exploração. Passados mais de 350 anos de escravidão, nós mulheres negras jovens e trabalhadoras, ainda somos o principal alvo do turismo sexual no Brasil e da violência policial, somos vistas como mulatas, nosso corpo é tido como objeto sexual e mercadoria e nossa carne continua sendo a mais barata no mercado da opressão e exploração.  
Os números não mentem.  O Brasil possui sete milhões de empregos domésticos. Mais de 60% são ocupados por negras. Somos maioria no trabalho terceirizado, temporários e telemarketings. Somos 60% das vítimas da violência doméstica e sexual. Moramos nas periferias com ruas mal iluminadas e inseguras, e onde faltam delegacias da mulher e casas-abrigo. Sobram estupros, abortos inseguros e impunidade. Entre 2001 e 2011, estima-se que cerca de 50 mil mulheres foram vítimas de homicídio cometido pelo parceiro ou ex-parceiro no país, dos quais 50% com o uso de armas de fogo. O Ipea ainda constatou que 29% desses óbitos aconteceram na casa da vítima, o que reforça o perfil das mortes como casos de violência doméstica. Pela pesquisa, o Ipea definiu o perfil das principais vítimas: são mulheres jovens e negras. Do total, 31% das vítimas têm entre 20 e 29 anos e 61% são negras. No Nordeste, o percentual de mulheres negras mortas chega a 87%; no Norte a 83%.
O caso da auxiliar de limpeza, Claudia Ferreira da Silva, morta pela polícia com tiro e arrastada pela mesma, numa Avenida do Rio de Janeiro, chocou o país. Mas infelizmente, existem muitas Claudias que morrem todos os dias nas periferias das grandes cidades e ninguém fica sabendo.
Minha candidatura a vice-governadora do estado do Pará quer ser a voz dessas mulheres negras, dessas Claudias, Marias, Antônias, que acordam cedo para procurar trabalho, creches para seus filhos, que são o maior número de analfabetos e que não conseguem concluir os estudos porque trabalham desde menina nas casas de famílias e sofrem com o racismo, a exploração e a violência sexual. Quer ser o instrumento de luta dessas mulheres negras que assim como eu, não aceitam mais o chicote do Estado, da polícia, do marido, em nossas costas. Eu sou mulher negra, educadora, lutadora,socialista. Eu sou Bené! Por um 25 de julho de raça e classe para todas as mulheres negras! 

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