22 de setembro de 2014

Vale-tudo eleitoral faz vir à tona novos escândalos de corrupção de tucanos e barbalhos

No último domingo (21/09), o jornal Diário do Pará divulgou um grampo telefônico em que Izabela Jatene, filha do atual governador e candidato a reeleição, Simão Jatene (PSDB), pede uma lista com as 300 maiores empresas do estado ao secretário adjunto da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa), Nilo Noronha. No diálogo, que aconteceu entre abril e maio de 2011 (poucos meses depois de Jatene assumir o governo), Izabela pede que a lista seja enviada para seu e-mail pessoal para que possa “começar a buscar o dinheirinho deles”.
O telefonema foi grampeado por acaso. A Polícia investigava um caso de sequestro no qual estava envolvido o gerente de uma fazenda de Nilo Noronha, que acabou tendo seu telefone grampeado após receber telefonema do gerente. Quando a gravação envolvendo Nilo e Izabela veio à tona, porém, uma operação “abafa” foi montada pela cúpula do Sistema de Segurança Pública do Pará para proteger a filha do governador.
Segundo a reportagem do Diário do Pará, policiais que trabalhavam no sistema de grampeamento telefônico do Núcleo de Inteligência da Polícia Civil receberam ordens para apagar a gravação e destruir a transcrição. A transcrição não consta no inqérito policial e o Ministério Público não tomou conhecimento do fato. O caso foi mantido em silêncio por três anos. Agora, uma cópia da gravação foi entregue ao jornal e mostra Izabela Jatene pedindo a lista das 300 maiores empresas do estado para começar a buscar a graninha dos empresários. “Nilo, tu consegue pra mim a lista das trezentas maiores empresas do estado?”, pergunta Izabela, obtendo uma rápida e simples resposta de Nilo: “Consigo”.
Ainda não se sabe para que serviria esse “dinheirinho” mas o caso, que segue sem investigação, envolve pelo menos três crimes. O primeiro é quebra do sigilo fiscal, caso Nilo tenha fornecido, de fato, a listagem. O segundo é o de concussão, caso a lista se destinasse a exigir dinheiro das empresas. E o terceiro é o de corrupção passiva, que é quando um funcionário público pede ou recebe para si mesmo ou outra pessoa vantagens indevidas. 
"Nem PMDB de Helder e Jader Barbalho, nem o PT de Paulo Rocha tem moral para denunciar o PSDB, pois são iguais na corrupção" 
O principal bloco de “oposição” à candidatura de Jatene, encabeçado por Helder Barbalho na coligação que envolve PMDB, PT e DEM se utiliza desse fato escandaloso para desgastar a imagem dos tucanos e avançar na disputa eleitoral. No entanto, esquecem de falar que estão tão cheios de denúncias quanto o PSDB.
Recentemente, o jornal O Liberal publicou uma série de reportagens nas quais acusava Helder de contratação de empresas fantasmas na área da saúde enquanto era prefeito de Ananindeua, entre 2005 e 2012. Além de várias irregularidades que constam na auditoria do Ministério Público Federal (MPF), há também um desvio de quase três milhões de reais. Ainda em sua gestão como prefeito de Ananindeua, há denúncias da prática de nepotismo, onde Helder teria contratado sogra e cunhada para ministrar palestras bancadas pela Secretaria Municipal de Cidadania e Assistência do Trabalho (Semcat) que era comandada por sua esposa. Nem PMDB de Helder e Jader Barbalho, nem o PT de Paulo Rocha tem moral para denunciar o PSDB, pois são iguais na corrupção, vide escândalos como o caso da SUDAM e do mensalão.
É necessária uma ampla investigação sobre mais este escândalo envolvendo a família Jatene e seu partido, o PSDB. Da lista com as 300 maiores empresas do estado, não sairia apenas um “dinheirinho”. Mas a questão não é só responder se houve ou não a entrega da listagem e o recebimento de uma alta quantia. Afinal, para quê serviria o dinheiro? Onde ele iria ser aplicado? Também é importante lembrar que o dinheiro pode ter sido solicitado poucos meses após as eleições que deram a vitória a Simão Jatene. O financiamento privado e criminoso de campanha durante as eleições apenas contribuem para o aumento da corrupção. A possível troca de dinheiro entre o PSDB e os empresários também poderia ser resultado de grandes trocas de favores em um governo em que os trabalhadores não têm vez. Afinal, os governos do PSDB sempre foram marcados por inúmeros casos de corrupção e nepotismo, enquanto a vida dos trabalhadores segue de mal a pior. 
A corrupção e essas relações promíscuas entre o capital privado e poder público são inerentes ao capitalismo e são alimentadas pela configuração de nosso sistema político que permite o financiamento privado de campanha, por exemplo. 
O Ministério Público Federal e a justiça devem ir a fundo nessas investigações se quiserem honrar o mínimo de confiança que a população ainda lhes concede. Izabela e Jatene precisam se pronunciar sobre as denúncias, além de colocar seu sigilo fiscal, bancário e telefônico à disposição da justiça e da sociedade. Aos trabalhadores, a mobilização é a única saída. Somente assim poderemos garantir alguma possibilidade de transparência na apuração do esquema e conquistar a prisão e o confisco de bens de corruptos e corruptores!

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